sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Falência de uma cidade que eu vi prosperar....

Salvador faliu. Já não há mais como esconder que a crise crônica municipal tornou-se aguda e o município está a um passo do colapso total, o que significa descontrole administrativo, com reflexos nos serviços e até no funcionalismo. E uma crise de origem política, gerada pela incompetência e pelo desatino que marcaram fundo a face desta cidade, no decorrer dos últimos vinte anos ou mais.

O jeito baiano de ser, pelo menos o dos baianos de Salvador, aflorou e se desenvolveu intrinsecamente conectado a uma configuração especial de cidade. E hoje está ameaçado de morte pela degradação dessa mesma cidade, que “perdeu a essência”.

Os desencontros dos prefeitos biônicos com os governadores que os nomearam impuseram a Salvador administrações perversas, descontinuas, carentes de planos urbanísticos, que além de pouco realizarem atrofiaram a máquina administrativa que não acompanhou a explosão urbana da última década.

O que está por trás das barracas de praia?

A derrubada arbitrária e radical das barracas de praia de Salvador tenham a ver com aquela tal lei de 1831, e ainda arrisco dizer que os estabelecimentos demolidos em outras praias que não a Orla da Pituba até Flamengo foram abaixo para parecer que tudo estaria dirigido de forma impacial a todas as barracas da cidade.

Por outro lado, Salvador é hoje administrada com a mesma estrutura e com os mesmos conceitos dos anos 50 e 60. Naquela época, havia uma cidade trepada nas cumeeiras e península itapagipana, habitada pela classe média e pela classe média baixa, que também preferiam os bairros dos Barris, Nazaré, Saúde, Garcia, enquanto Canela, Graça e Barra eram o paraíso da classe média Alta e da Burguesia. Nos anos 60 e 70 Salvador desceu para os vales, empurrada pela revolução do automóvel, cujo parque industrial, incentivado por Juscelino, explodiu no final dos anos 50.

Ao descer para os vales, caminhos naturais para o seu crescimento, a cidade recebeu o impacto do êxodo rural e se favelou, ocupando as encostas e inchando a periferia. Neste exato momento faltou visão administrativa para planificar a ocupação das novas áreas do litoral norte, conquistadas pelas avenidas de vale.

Atualmente a Av. Tacredo Neves é considerada "A avenida paulista baiana" e a tendência de expansão em Salvador é para Av. Paralela. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador não garante a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica da Avenida.

As margens da paralela estão uma das mais importantes áreas ambientais da cidade, que abriga espécies em extinção da fauna (mamíferos, aves, répteis e anfíbios) e flora. A Mata Atlântica é um patrimônio natural de todos os moradores porque garante qualidade de vida, não só pelo bem-estar de quem a admira, mas por controlar o clima da cidade, proteger encostas, regular o fluxo dos mananciais hídricos e assegurar a fertilidade do solo. Os dados são da Fundação SOS Mata Atlântica. A Avenida Paralela continua sendo considerada uma área de expansão urbana, o que possibilita que a mata seja suprimida para dar lugar a novos empreendimentos.

Por outro lado, parece que não há alternativa, Salvador precisa ser ocupada para produzir riquezas para que deixe de ser a capital campeã de desemprego no País e a única área livre é a Luís Viana Filho (paralela).

“Estamos longe de ser uma metrópole como São Paulo, mas muito perto de termos um trânsito comparável ao da maior cidade do país. Engarramentos monstruosos, Pistas esburacadas, Violencia e insegurança para todos os lados, Cidade suja e abandonada, Escolas abandonadas, Metrô inacabado (mesmo que seja metade do tamanho original). Enfim, eu sinceramente, não vejo nada a comemorar numa cidade com uma história linda e rica, que já foi a primeira capital deste país. Tenho Fé que o nosso povo mudará,
e o nosso futuro também".
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(Ah que saudade dos tempos de Antônio Carlos Magalhães e cia...)