O aparato era de guerra e aterrorizou quem chegava nos mais de 40 restaurantes da região. A sensação para quem não sabia era de que havia ali sequestro, assalto a banco ou alguma coisa do gênero. A Rua Santa Catarina, em frente ao tradicional Restaurante A Favorita, foi fechada e os frequentadores foram obrigados a parar longe e seguir a pé. A mesma cena se repetiu em vários pontos de Lourdes no quadrilátero entre as Ruas Rio de Janeiro, Felipe dos Santos, Professor Antonio Aleixo, Thomaz Gonzaga, São Paulo, Curitiba e Alvarenga Peixoto. Impedindo inclusive o serviço de manobristas e privando a liberdade de centenas, talvez milhares de frequentadores que saíram para se divertir ou jantar.
Casais, grupos de amigos, famílias inteiras que foram confraternizar se depararam com o espetáculo cinematográfico sem precedentes na história de BH, deram meia volta, tomaram o rumo de casa e certamente usaram o telefone ou foram para o fogão. Ninguém é contra blitz para pegar os assassinos do trânsito. Mas é inadmissível que o terror seja usado para constranger e levar a bancarrota muitos restaurantes a falência. A atitude fugiu ao principio da razoabilidade. Os restaurantes de Lourdes geram emprego, pagam impostos, estão dentro da legalidade e não podem conviver com tamanho disparate, sob pena de uma quebradeira sem precedentes que já está em curso...
Enquanto centenas de agentes públicos foram mobilizados para aterrorizar um dos locais mais bem frequentados e seguros da cidade, possivelmente, em outros pontos de BH, bandidos agiram a revelia, causando danos muito maiores a sociedade. A cena beirou o absurdo, revelando despreparo e desproporcionalidade sem razão de ser. Belo Horizonte tem na gastronomia e na noite muito mais do que uma tradição, trata-se da nossa principal marca, produto de exportação. É a cidade com a maior concentração de bares e restaurantes percaptamente no Brasil. Com reconhecimento internacional. Administrar o ônus disso exige bom senso, antes da truculência e da demonstração de força desproporcional e desnecessária. Um gesto que nos faz recordar da Ditadura Militar.
A liberdade, a cidadania e o negócio, estão em jogo, por capricho ou despreparo de meia dúzia de iluminados que se acham donos da verdade e do espaço publico, quando deveriam estar correndo atrás de bandidos. É Lei, mas a Lei pode ser aplicada sem prejudicar a cidade e seu principal produto. “O BAR”. Se o Governador e o Prefeito não acordarem, em breve muitos restaurantes no bairro de Lourdes fecharão suas portas, gerando desemprego e prejuízos incalculáveis.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
Ex-Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Seção – MG
CRA MG – 0094/94
31-9953-7945