quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A alma, o espírito e o Ano Novo


O Ano Novo pode parecer para nós como um símbolo apenas, sem qualquer sentido, mas assim como o tempo, ele nos dá uma dimensão no universo material e serve de parâmetro para a relação entre os mundos.


Uma interação entre a vida e a morte, assim como o dia e a noite, a inspiração e a expiração.Quando compreendemos que vivemos a vida em círculos espirais ascendentes ou descendentes, dependendo do nosso estado de consciência, percebemos a necessidade de nos aprimorarmos cada vez mais no nosso estado de consciência, pois ele terá em nosso futuro espiritual um fator decisivo.


A sabedoria da alma, que sabe esperar o momento correto para agir, precisa ser vivenciada pelo corpo, pelo ego em nossa interação físico-espiritual para que o crescimento do espírito seja mais intenso. O silêncio é o caminho mais curto para o contato com o nosso Eu superior e tem que ser exercitado, sempre.


A alma é diferente do espírito, por que ela é um tipo de interação entre os dois mundos, o material e o espiritual, por isso é que dizermos que ela é o espírito encarnado, mas na verdade ela é muito mais do que isso, ela é o sistema vivencial que controla todo o nosso ser, é a nossa consciência e vontade aqui no orbe.

Para encerrar transcrevo um pensamento de Paulo Coelho, nosso famoso escritor brasileiro: "Quando aprendemos a lição de nossos dias, precisamos combinar o entusiasmo infantil com a sabedoria da experiência. Para isto, é necessário ‘nascer de novo’, como dizia Jesus".


Que possamos renovar nossos conceitos, espírito e pensamentos. Esta é a minha mensagem de final de ano, desejando a todos os leitores de minhas crônicas e aos que me acompanham em minha jornada, os votos de um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo repleto de sucesso no campo pessoal e profissional acompanhados de muita paz, saúde, prosperidade e amor ao próximo!

Espirito de Natal

O tempo de Natal acelera a vida nas ruas e aquece o comércio. O glamour das peças publicitárias e o brilho nas decorações transformam o ambiente ao nosso redor, misturando-se com desejos de paz, harmonia e felicidade. Mesmo sabendo que nenhuma mercadoria anunciada, e até mesmo os votos de Feliz Natal realizam de fato o que prometem, somos envolvidos por um espetáculo contagiante.

Nem sempre foi assim. O dia 25 dezembro é uma data pré-cristã adotada oficialmente como a natividade de Jesus a partir do ano 353 pela Igreja Católica Romana. A escolha se deu em função de substituir o caráter pagão da festa de 25 de dezembro que agitava Roma a cada ano nas comemorações do nascimento do deus Mitra. Tratava- se do "dies natalis Solis" (dia de nascimento do deus Solar), que acontecia ao final de sete dias de festas dedicadas a Saturno entre 17 e 24 de dezembro.


Clemente Alexandrino, profundo pesquisador da vida de Jesus, acreditava em torno do ano 200 que o nascimento do Messias teria se dado entre 19 de abril e 20 de maio " época, portanto, primaveril. Mas na incerteza e até para substituir festas pagãs, o governo romano, convertido à nova religião, transformou as comemorações de Mitra naquelas de Jesus.


Apesar de a escolha do Natal ter sido influenciada por decisão política, a data de 25 de dezembro não deixa de fazer justiça à fama de Jesus Cristo, filho do Pai e concebido pelo Espírito Santo através da Virgem Maria. A natividade de Mitra (um deus solar) foi usurpada pelos romanos da tradição egípcia que fazia coincidir com essa data o nascimento do deus Horus, fruto da união de Osíris (pai-sol) e de Isis (mãe-lua), completando assim a trindade que governa o Universo. Horus era adorado como o grande deus "amado dos céus, descendente dos deuses, subjugador do mundo". No quarto dia após o solstício de inverno era retirado do templo e sua imagem de menino recém- nascido era exposta à adoração.


Na nossa busca, deveríamos sempre nos voltar para Cristo. Destacamos duas experiências na vida de Jesus, pilares que até hoje sustentam o cristianismo como caminho espiritual: uma experiência mística e outra política. A mística é a experiência de sentir-se Filho de Deus, enviado entre a humanidade como Salvador e Messias. Sendo Jesus da mesma humanidade que nós, porque é nosso irmão, essa consciência de ser Filho do Pai abre a possibilidade a cada um de nós de fazer a mesma experiência, sentindo-nos seus filhos e filhas queridos (cfr. 1Jo 3, 1). Como seria diferente a humanidade se todos soubessem e fossem respeitados como filhos e filhas de Deus, nas diferenças, nas raças e nas culturas! A segunda experiência de Jesus é de natureza político-religiosa.


Em sua pregação, Ele anunciou que o Reino de Deus está próximo e, de fato, já se encontra em nosso meio (Mc 1, 15). O Reino é a presença ativa e transformadora de Deus no universo e em cada ser humano. Jesus revela um Deus cheio de compaixão e misericórdia, que ama e cuida, cura e restabelece a vida. Ele não se isola das pessoas, mas se aproxima de todos, especialmente dos rejeitados, até porque se não fizesse isso, a encarnação não teria sentido.

O mundo se desenvolveu de maneira extraordinária, e ao mesmo tempo não consegue nos tornar mais humanos. A sociedade como um todo está perdendo o essencial, a sua alma e os valores que dão sentido à existência.


A espiritualidade existe justamente para recuperar a alma quando a perdemos, a partir de uma união profunda com Deus, viver a solidariedade, a justiça, a paz e a defesa da Criação integrados no seu conjunto com a mesma espiritualidade de Jesus. Resgatar o verdadeiro espírito do Natal na chegada do menino-Deus nos ajuda a assumir um estilo de vida segundo o Espírito de Cristo, e a contrapor a sociedade do espetáculo e do consumo.


Aproveito e desejo a todos um Feliz Natal, com muita paz e saúde.