O arquiteto holandês Aldo van Eyck costumava dizer que uma casa é uma cidade minúscula, e uma cidade é uma casa imensa. Pense nessa comparação no seu dia-a-dia. As semelhanças não demoram a saltar aos olhos: da mesma forma que você vai do escritório ao quintal, você deixa o trabalho e faz um passeio no parque.
Atitudes simples capazes de trazer mais poesia ao nosso cotidiano, essa é a idéia. Gestos que surjam inesperadamente para nos devolver o prazer de viver na metrópole, de ficar na janela a observá-la, de ouvir seu som. Talvez fossem essas sensações que, na Grécia antiga, Aristóteles já aconselhava conservar. Pelo menos, em seu livro Ética a Nicômaco, ele ressaltou o cuidado com o corpo, com a alimentação, com o amor e, sobretudo, com a cidade. Como se essa fosse tão orgânica quanto nós, palpite que Aristóteles confirma ao dizer que o que nos une à pólis é um sentimento humano: a amizade.
Atitudes simples capazes de trazer mais poesia ao nosso cotidiano, essa é a idéia. Gestos que surjam inesperadamente para nos devolver o prazer de viver na metrópole, de ficar na janela a observá-la, de ouvir seu som. Talvez fossem essas sensações que, na Grécia antiga, Aristóteles já aconselhava conservar. Pelo menos, em seu livro Ética a Nicômaco, ele ressaltou o cuidado com o corpo, com a alimentação, com o amor e, sobretudo, com a cidade. Como se essa fosse tão orgânica quanto nós, palpite que Aristóteles confirma ao dizer que o que nos une à pólis é um sentimento humano: a amizade.
Um ambiente bem cuidado faz bem ao espírito. E isso é tão evidente que dá até para adivinhar como é a parte da cidade de que você mais gosta. Quer ver? Pense no quarteirão da sua casa. Dê uma volta mental ao redor dele. Que trechos você acha mais agradáveis? De quais você não gosta? Deixa eu ver se acerto. Provavelmente os pedaços menos agradáveis têm muros altos, calçadas descuidadas, sem vida.
Talvez também haja prédios que cubram seus jardins com paredes de concreto e casas com grades altas e avisos de "cuidado: cão perigoso" que, se dissessem "pessoas: queremos distância", daria no mesmo. A existência de lugares assim se deve, em grande parte, à falta de atenção das pessoas com o que vai do portão de casa para fora. Como se, do passeio em diante, o problema fosse do governo, das ONGs e do que mais puder amenizar a ausência de um cidadão que faça mais do que a lei o obriga.
Também não adianta varrer o lixo e jogá-lo debaixo do tapete só para falar que fez. Ser gentil com a cidade só resolve se a atitude for espontânea, para melhorar a vida coletiva. E, para um sujeito deixar a comodidade solitária de sua vida privada e fazer algo pelo todo, é preciso que se sinta parte dele: esta cidade é minha casa, faço parte dela e, por isso, tenho que cuidar deste espaço. A gentileza não deve se restringir apenas às relações humanas, mas estender-se também ao cuidado como meio ambiente, como espaço público e, por que não, consigo mesmo. O cuidado com o outro é uma virtude que vem do berço.
A parte boa é que muitas pessoas já despertaram para isso. Os trechos agradáveis do seu quarteirão provavelmente têm árvores que dão uma boa sombra e, de quando em quando, até frutos. Pois é, a cidade também está cheia de pequenas oferendas à espera de olhares atentos para detectá-las.
Que tal começarmos o Ano Novo com um pouco mais de gentileza e novos olhares. Um sorriso, um gesto, um ‘bom dia’ bem-humorado. Muitas vezes, são atitudes simples, cotidianas, que podem até passar despercebidas a olhos rasos, mas capazes de promover verdadeiras transformações no entorno, seja em ambientes familiares, profissionais ou urbanos.
"Gentileza gera gentileza". "Da mesma forma que faço gentilezas, recebo em dobro. Essa é a maior gratificação por um trabalho como esse."
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