sábado, 19 de abril de 2008

ISABELLA NARDONI

O episódio da morte da menina Isabella Oliveira Nardoni, de 5 anos, que está comovendo o país, é um desses casos policiais repletos de mistérios e que pode até ter um final surpreendente. A partir da história contada pelo pai e pela madrasta da menina à polícia, as suspeitas se voltaram justamente contra o casal, especialmente o pai: segundo o relato, ele teria subido para o apartamento com Isabella já adormecida, colocado ela na cama, trancado a porta e retornado para a garagem a fim de ajudar sua mulher a subir com os dois filhos do casal, meio-irmãos da garota.

Quando enfim os dois voltaram ao apartamento com as crianças, a porta estaria aberta, a luz do quarto dos irmãos de Isabella acesa, e a rede de proteção, cortada. Por ali a menina teria sido jogada para a morte. Uma série de indícios, porém, colocaram em xeque a versão do pai e da madrasta: havia vestígios de sangue no apartamento, Isabella parece ter morrido por asfixia e quebrou apenas um pulso na queda.

A soma dos indícios sem dúvida pode levar o público a desconfiar da história contada pelo pai e pela madrasta da criança morta, mas não pode de maneira alguma permitir que os responsáveis pela publicação das reportagens sobre o caso tratem o casal como culpados ou mesmo suspeitos em um momento tão inicial das investigações.

Condenado a priori - Quando estourou o caso da Escola Base, hoje um exemplo estudado nas faculdades sobre o que não deve ser feito em matéria de jornalismo policial, um único jornal desconfiou da história e se recusou a dar uma linha sobre a cascata. Quando o caso foi elucidado e a inocência dos donos da escola restou provada, houve quem sugerisse que o hoje, extinto Diário Popular recebesse, naquele ano, o Prêmio Esso de Jornalismo pela não publicação das matérias.
Tempos depois, o Diário Popular foi vendido para as Organizações Globo e mudou de nome para Diário de S.Paulo. Pelo visto, mudou também de caráter. Sobre este fato configura um verdadeiro crime contra o bom jornalismo.

Não se trata aqui de defender o pai de Isabella – ele pode até ser culpado pela morte da filha –, mas de constatar que a capa do Diário fere os princípios mais básicos da ética jornalística e da presunção da inocência.

Um cínico pode alegar que tudo que está na manchete do jornal é verdadeiro, o Diário não veiculou informação falsa nem acusou prematuramente o pai de Isabella de assassinato. Sim, e provavelmente esta capa passou pelo departamento jurídico do jornal para avaliar se ela poderia ser objeto de processo. A manchete certamente também cumpriu o objetivo de fazer o jornal vender mais. Os responsáveis pela publicação sabem, também, que esta manchete destruiu a reputação do pai de Isabella. No caso do Diário de S.Paulo, foi condenado e exposto com requintes de crueldade.

É bom ler o jornal, mas é melhor saber o que pensa o dono do jornal. Por que ele quer que a gente leia determinada notícia? Muitas vezes informa-se o que se quer informar, o que é conveniente informar. Uma boa estratégia para enfrentar esta situação é, além de conhecer a fonte da informação, variar, ouvir o que os outros, se existirem, têm a dizer. Tão importante quanto a informação em si mesma, é o conhecimento de sua fonte. Isto foi a primeira lição que aprendi na universidade. Conheço muita gente que lê somente um determinado jornal, compra somente uma determinada revista, ouve somente determinada emissora de rádio, assiste somente determinado canal de TV...e pensa que está bem informada. Será que os donos desses veículos de comunicação têm algo em comum? E o que seria? Você já pensou sobre isso?

Sabemos que a imprensa, ajuda e está ajudando muito na apuração das investigações, mais não façam o uso da inocente das imagens menina como, produto de marketing ou de meio de propaganda. Eis aqui quem fala, um jornalista que respeita e muito os valores éticos da profissão e o principal a FAMÍLIA em todo o aspecto.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

DENGUE – O Brasil em alerta



Como no início da epidemia de dengue no Rio de Janeiro, ainda são angustiantes as dúvidas da população acerca dos motivos que levaram ao colapso da saúde de cariocas e fluminenses. Perigo este que espalha pelas grandes Capitais. O descompasso entre poder público e metas de um plano de saúde preventivo se reflete na omissão e nos erros de governantes.

A dengue é hoje um dos males mais bem compartilhados do Rio. Atinge pobres e ricos. Até certo ponto, tornou-se comum entre classes mais ou menos abastadas, mais ou menos favorecidas. A doença é identificada principalmente em núcleos urbanos e rurais mais empobrecidos. Por conseqüência, são os pobres os mais atingidos e suscetíveis à doença. E é, neste retorno da dengue, a fatia pobre da cidade que volta a ser a mais prejudicada em meio aos temores.

O roteiro é, infelizmente, previsível. Quando os ricos adoecem, recorrem a hospitais particulares, onde contam com estrutura e equipe quase sempre suficientes. Não é a realidade, porém, da maior parte das vítimas, das quais muitas vieram a falecer em leitos públicos.

Está-se diante de sucessivos exemplos do deboche protagonizados pelo poder público. A omissão foi só parcialmente aplacada pela força-tarefa instalada para enfrentar a doença, constituída pelos governos federal e estadual, com o apoio dos militares. No curto prazo, deverá cumprir sua função – pelo menos é o que desejam os fluminenses. A vitória não eliminará, porém, as evidências de uma outra omissão: aquela que transforma em martírio permanente a vida de multidões de pacientes que precisam recorrer à rede pública de saúde no Rio.

Um exercício de imaginação permite pensar se o estado de coisas atual se repetiria caso a maior parcela de atingidos pela dengue fosse formada pelos mais endinheirados. Mais ainda, se estes precisassem recorrer aos hospitais públicos para pedir socorro contra a doença. Seria previsível uma resposta mais enérgica para corrigir incongruências injustificáveis da rede de saúde. Ou assistiríamos a um crime culposo de semelhante origem como o acobertado pelas autoridades locais se a população atingida fosse essencialmente a de maior poder aquisitivo?

Não é de hoje que os cariocas, especialmente os cariocas pobres, convivem com as deficiências dos hospitais e postos de saúde públicos. Neles, faltam remédios, faltam leitos, faltam materiais e equipamentos, faltam médicos, falta tudo. Ainda que tais carências sejam compensadas pela tentativa do governo estadual, continuam presentes as cenas habituais de desespero de doentes, de filas intermináveis e da escolha dos médicos para quem vai ou não ser atendido.

Os prejuízos decorrentes do avanço da dengue são incalculáveis. Custam vidas e dinheiro. O turismo, por exemplo, já está sofrendo perdas consideráveis.Que a sociedade se empenhe urgentemente na união em nome da vida no Rio. Trata-se da única via para fazer justiça e incriminar a quem se deve: as autoridades.

Evite esse mal, faça a sua parte e proteja-se!