sexta-feira, 4 de abril de 2008

DENGUE – O Brasil em alerta



Como no início da epidemia de dengue no Rio de Janeiro, ainda são angustiantes as dúvidas da população acerca dos motivos que levaram ao colapso da saúde de cariocas e fluminenses. Perigo este que espalha pelas grandes Capitais. O descompasso entre poder público e metas de um plano de saúde preventivo se reflete na omissão e nos erros de governantes.

A dengue é hoje um dos males mais bem compartilhados do Rio. Atinge pobres e ricos. Até certo ponto, tornou-se comum entre classes mais ou menos abastadas, mais ou menos favorecidas. A doença é identificada principalmente em núcleos urbanos e rurais mais empobrecidos. Por conseqüência, são os pobres os mais atingidos e suscetíveis à doença. E é, neste retorno da dengue, a fatia pobre da cidade que volta a ser a mais prejudicada em meio aos temores.

O roteiro é, infelizmente, previsível. Quando os ricos adoecem, recorrem a hospitais particulares, onde contam com estrutura e equipe quase sempre suficientes. Não é a realidade, porém, da maior parte das vítimas, das quais muitas vieram a falecer em leitos públicos.

Está-se diante de sucessivos exemplos do deboche protagonizados pelo poder público. A omissão foi só parcialmente aplacada pela força-tarefa instalada para enfrentar a doença, constituída pelos governos federal e estadual, com o apoio dos militares. No curto prazo, deverá cumprir sua função – pelo menos é o que desejam os fluminenses. A vitória não eliminará, porém, as evidências de uma outra omissão: aquela que transforma em martírio permanente a vida de multidões de pacientes que precisam recorrer à rede pública de saúde no Rio.

Um exercício de imaginação permite pensar se o estado de coisas atual se repetiria caso a maior parcela de atingidos pela dengue fosse formada pelos mais endinheirados. Mais ainda, se estes precisassem recorrer aos hospitais públicos para pedir socorro contra a doença. Seria previsível uma resposta mais enérgica para corrigir incongruências injustificáveis da rede de saúde. Ou assistiríamos a um crime culposo de semelhante origem como o acobertado pelas autoridades locais se a população atingida fosse essencialmente a de maior poder aquisitivo?

Não é de hoje que os cariocas, especialmente os cariocas pobres, convivem com as deficiências dos hospitais e postos de saúde públicos. Neles, faltam remédios, faltam leitos, faltam materiais e equipamentos, faltam médicos, falta tudo. Ainda que tais carências sejam compensadas pela tentativa do governo estadual, continuam presentes as cenas habituais de desespero de doentes, de filas intermináveis e da escolha dos médicos para quem vai ou não ser atendido.

Os prejuízos decorrentes do avanço da dengue são incalculáveis. Custam vidas e dinheiro. O turismo, por exemplo, já está sofrendo perdas consideráveis.Que a sociedade se empenhe urgentemente na união em nome da vida no Rio. Trata-se da única via para fazer justiça e incriminar a quem se deve: as autoridades.

Evite esse mal, faça a sua parte e proteja-se!

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