quarta-feira, 11 de abril de 2012

De mochila e sem carro por Minas Gerais




Resolvi fazer o circuito cidades históricas de ônibus em uma viagem que combinou turismo com trabalho, aproveitando que as distâncias são curtas e permitem uma viagem sem grandes preocupações. É como entrar no túnel do tempo para conhecer parte da história do Brasil e vivenciar pessoalmente tudo aquilo que está nos livros e se aprende na escola. As cidades históricas de Minas Gerais possuem um rico e incomparável acervo artístico e arquitetônico, encontrados nas suntuosas igrejas, museus, ruas e casas que preservam toda a tradição e cultura.


Ouro Preto, Sabará, Mariana, Congonhas, São João Del Rei, Caeté e Tiradentes são cidades marcadas pelo Ciclo do Ouro e pelo barroco mineiro. Em cada uma, a história se liberta da cor sépia dos antigos livros, documentos e manuscritos para ganhar colorido, forma e interpretação. Neste pedaço de terra, após três séculos de exploração mineral, continua preservado o mais rico patrimônio histórico do Brasil.


Saindo de Belo Horizonte pelo movimentado Anel Rodoviário e a sinuosa BR-262, Sabará é alcançada em 30 minutos. Incluída no Circuito do Ouro a cidade de Sabará está localizada na região metropolitana de Belo Horizonte. No Centro Histórico, o primeiro contato com as obras de Aleijadinho é feito nas igrejas Matriz N. S. da Conceição e N. S. do Carmo. Fora do centrinho, as imagens na Igreja de N. S. do Ó simbolizam elementos orientais. Possui um patrimônio histórico de grande importância na formação cultural de Minas Gerais.


Ainda se aclimatando às curvas das estradas mineiras, após cruzar Caeté, (Serra da Piedade), delicie-se com uma linda estrada de terra - são 44 km atravessando montanhas. Do outro lado da via, o Parque Natural do Caraça – que pertence a Catas Altas, mas fica mais próximo de Santa Bárbara – é programa dois em um: apresenta trilhas para picos e cachoeiras, além de um santuário com igreja gótica e museu.


Programe-se para visitar Mariana entre sexta e domingo, quando há concertos na Catedral Basílica da Sé, com pinturas de Mestre Ataíde. Depois, a pedida é conhecer a Mina de Ouro da Passagem. A primeira capital de Minas Gerais pode ser visitada num passeio de Maria Fumaça desde Ouro Preto – o que confere charme extra à viagem.


Uma movimentada avenida faz a ligação com Ouro Preto. Aqui, percorra a pé as estreitas ladeiras da cidade. A rica Ouro Preto com seus quase 70 mil habitantes – é tomada por um casario do século 18, algumas das igrejas mais importantes do barroco brasileiro e muitas repúblicas de estudantes. Em cada esquina, surge uma preciosidade barroca: igrejas, museus, imponentes casarões e ateliês.


As igrejas são o grande hit de Ouro Preto, especialmente a de Nossa Senhora do Pilar, que detem o título de segunda mais rica do país graças aos 434 quilos de ouro que adornam sua nave e altar. Igualmente impressionante, mas por conta da ilusão de ótica que Mestre Athayde pintou em sua nave, é a igreja de São Francisco de Assis.


Uma rodovia cheia de curvas, sujeita a quedas de barreira, leva a Congonhas. Bastam duas horas para conhecer a obra-prima de Aleijadinho: a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, formada pelas Capelas dos Passos – com imagens pintadas por Mestre Ataíde – os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão e o interior da igreja.



Ainda extasiado com o primor barroco, deixe Congonhas pela BR-383, uma rodovia menos sinuosa, que termina em São João Del Rei, onde a arte divide a atenção com um museu sobre Tancredo Neves. São 20 minutos de carro ou 35 de Maria Fumaça, numa viagem também pelo tempo. Embora ofuscada pela vizinha Tiradentes, a cidade impressiona com um centro histórico bem conservado, iluminado por postes em forma de lampiões. No quesito compras, o forte de São João del Rey são as peças em estanho e esculturas e oratórios feitos em madeira de demolição.


Um pequeno trecho de apenas 9 km da Estrada Real leva a Tiradentes, a pequena cidade nos pés da Serra de São José. Tiradentes tem na gastronomia um trunfo tão forte quanto seu artesanato. A grande bossa da cidade é curtir um clima de interior ao sabor de uma gastronomia global. Não à toa em agosto a cidade realiza seu famoso festival gastronômico.
Além de toda riqueza desse patrimônio as cidades históricas possuem várias atrações como festivais de cinema, de inverno, de gastronomia, os carnavais e principalmente as paisagens exuberantes das montanhas de Minas. Conheça as Cidades Históricas de Minas Gerais e redescubra o Brasil em lugares onde se respira história, cultura e bons ares. Já dizia o escritor Guimarães Rosa: "Minas, são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais".

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