segunda-feira, 11 de julho de 2011

Monsenhor Avelino Marques: uma história de Fé

Uma história que envolve sabedoria, atenção, fé e mediação de conflitos. Um anjo da Paz, devoto de São João Batista, "precursor" de Cristo, que deixou essa vida aos 91 anos. Apaixonado pela cidade de Barão de Cocais e pelas festas religiosas gostava de conversar e remontar épocas, falando dos bons tempos que conviveu com o povo das dioceses por onde passou.

Padre Avelino Marques, nasceu em 1921, na cidade de Mariana-MG, e foi criado em Barão de Cocais. Estudou no Seminário de Mariana em 1932, local em que cursou Filosofia e Teologia. No seminário era músico e tocava clarineta e órgão, sendo maestro de coral e seminarista. Logo depois tornou-se Emérito da Arquidiocese de Belo Horizonte, onde por 68 anos de ordenação sacerdotal. Foi um dos párocos mais idosos da Arquidiocese de Belo Horizonte.  Em 1960, foi nomeado pároco de Ipatinga, inaugurando a igreja de Nossa Senhora da Esperança no bairro Horto. Foi pioneiro da emacipação política administrativo de Ipatinga, em 1964. Um ano antes, em 1963, entrou  para a história da cidade  como mediador do conflito entre as forças policiais e os operários, que gerou o "Massacre de Ipatinga".

Quando a sua família chegou a Barão de Cocais, que naquele tempo era distrito de Santa Bárbara, com nome de São João Batista do Morro Grande, o Padre Avelino já tinha três anos. Foi a partir daí que se tornou um padre popular, com personalidade singela, fraternal e sempre tranqüila que dedicou seu trabalho por várias comunidades com que trabalhou.

O Padre Avelino, como era chamado pelos fiéis, tinha outro valor: se fazia presente em todas as festividades religiosas de suas paróquias, era fervoroso de espírito, tinha grande amor em tudo que fazia. E sua presença não está somente nas palavras, mas também em sua participação na tentativa de não deixar morrer as festas religiosas. Uma marca dele era estar sempre carregando um gravador e uma máquina fotográfica. Ele dizia: “que era para ter todos os registros guardados”. O resgate da cultura, folclore, costumes e tradições foram sempre priorizados.

“Toda beleza da festa é o espírito, é a alma, é o amor para com sua terra, seus ancestrais. Então isto tudo tem a força da fé. Por isto a fé é uma força impressionante. Se não existisse a fé, não existiria mártir, não existiria teólogo, filósofo, não existiria Santo, não existiria ninguém. A fé. Quando a gente tem fé, a gente consegue transportar as montanhas”, como disse o Cristo.

Era com essa Fé, que o Padre Avelino tinha o costume de participar em Barão de Cocais das festividades religiosas. Destaque para a Semana Santa, onde uma tradição forte da confissão fazia com que diversos fiéis, entre jovens e idosos formassem longas filas no confessionário para se confessarem com ele.

Só mesmo quem conviveu com o Monsenhor Avelino para conhecer a atenção dele para com seus fiéis. Era muito “antenado” com a atualidade, isso ajudava na interação com as moças e rapazes. Gostavam de se confessar com ele pelo fato dele ser muito atencioso e paciente. Depois de passar horas sentado escutando, ele deixava o confessionário ostentando um sorriso de felicidade por fazer aquilo. “Ele falava que estava aliviando aquelas pessoas e ainda brincava dizendo “sou pós-graduado em confissão”.

Outro evento que deixava o Padre Avelino atarefado e com uma grande atenção era as festividades do Jubileu de São João Batista no Santuário e a importância que dava ao batismo. Cumprir a ordem dada por ele no evangelho de São Mateus: “…vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos…” (Mt. 28, 19a). Assumir a missão é consequência de uma fé amadurecida e comprometida com as pessoas. A Igreja, como mãe, é convidada a ir ao encontro de seus filhos que estão afastados, ampará-los e principalmente acolhê-los.

A história do Padre Avelino se mistura com o de seu devoto São João Batista que descendente de Abraão, patriarca hebreu que deu início a história do povo de Israel, e primo da Virgem Maria, São João teve como pai o sacerdote Zacarias, para quem o Arcanjo Gabriel apareceu anunciando-lhe que sua esposa Isabel, já idosa, teria um filho, e que o menino, seria precursor de Jesus Cristo.

Não viveu para si, mas para Deus e para o povo de Deus. Assim, à infinita bondade do Monsenhor Avelino foi de nos deixar e ir ao encontro de Deus, que me permite dizer deixou órfãos seus fiéis e adoradores amigos que o acompanharam nessa trajetória de vida deixando marcas que o deixam vivo para cada um de nós.

Antes de falecer, o monsenhor Avelino exercia suas atividades religiosas como pároco emérito da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, que fica no bairro Mantiqueira, em Belo Horizonte. Filho de Leonel Marques Pereira e de Alice Avelino Marques. Deixou a irmã Maria Jerônima Marques, de 89 anos em Barão de Cocais, onde foi enterrado.



Nenhum comentário: