quinta-feira, 31 de março de 2011

Entrevistas e entrevistas

Ora, ora, os radicais -- de direita ou de esquerda -- são aqueles que estão "fora da casinha" e , portanto, não se pode levar a sério. Sobre o polêmico vídeo, entrevista de Bolsonaro para o CQC, concordo com o Marcelo Tas, o Bolsonaro não entendeu a pergunta da Preta Gil. Isso está mais ou menos claro assistindo o vídeo, parte final. 
 
"Como é que se diz sobre uma mulher que tem cabelos amarelados? Loira, certo? E sobre uma mulher que tem cabelos escuros? Morena, ok?
Não estamos falando sobre cor da pele, não é verdade? O que quer dizer que podemos chamar uma mulata de morena, em referência à cor do cabelo, correto? Errado.
Tente fazer isso e você vai ouvir críticas sobre racismo.
Diga assim: "Eu sou negro!" e isso é entendido como autoafirmação positiva de sua raça.
Diga: "Eu sou branco!" e já lascam um "fascista" em cima de você.
E se vc se diz "FEMINISTA", isso quer dizer que você milita em defesa dos seus direitos, dos direitos de toda uma categoria humana.
Diga que você é "MACHISTA", para ver o que acontece...
O "case" da entrevista do deputado Bolsonaro concedida à filha do Gilberto Gil, Preta Gil (atriz, modelo, cantora, jornalista, entrevistadora? O quê?) é uma comprovação de que você não precisa responder tudo à imprensa. Ninguém é obrigado.
Mas negar uma resposta de suas opções pessoais à imprensa (ou à Preta Gil) pode ser considerado uma espécie de "fascismo", de posicionamento autoritário, de Direita?
Não.

Dou um exemplo interessante.
O ator Keanu Reeves, no embalo do sucesso do filme "Velocidade Máxima", caiu dentro de uma espiral de fofocas. Diziam que ele havia se casado com um dos sócios da produtora DreamWorks, o David Geffen. Os repórteres não cansavam de perguntar se era verdade e ele não cansava de dizer que não iria responder.
Ele costumava dizer que se respondesse que não era gay poderia ser interpretado como alguém que nunca aceitaria a ideia de ser gay. E isso ele não queria passar adiante. Por isso, depois de ser pressionado pela sua própria produtora para se posicionar, ele disse:
"Não sou gay, mas quem sabe?"
Bolsonaro perdeu a chance de responder a pergunta com outra pergunta:
"VOCÊ veria problema em ver seu filho namorando com uma BRANCA?"
Se a Preta Gil respondesse "NÃO", ele poderia dizer: "Então você está dizendo que você PREFERE que ele namore com uma BRANCA?"
Estamos vivendo numa época muito chata sob a ditadura do "POLITICAMENTE CORRETO", e existem umas categorias humanas que estão em desvantagem nesse jogo.
Vejamos o caso do diretor do Burger King, Bernardo Hees, quando em uma palestra nos EUA disse, em tom de brincadeira, que a comida britânica é terrível e as mulheres de lá não são muito atraentes. Ele foi pressionado para pedir desculpas.
Mas pedir desculpas por quê? As mulheres britânicas são atraentes? Todas?
Que chamassem o cara de "FEIO" para retribuir o gracejo, mas não. O buraco foi mais embaixo.
Agora eu pergunto, do que estão chamando os brasileiros quando, nas competições de TODAS as Copas do Mundo, começam a fazer comparações entre a beleza dos jogadores de vários países?
Quem nunca viu esses comentários, endeusando italianos, franceses, etc, e deixando os brasileiros na "lanterninha" de beleza?
O que nós, homens brasileiros, deveríamos fazer disso tudo?
Ora, fazemos sempre a mesma coisa, encarar com bom humor.
(Cada um interpreta realmente do jeito que quer, por isso enalteci a posição do Keanu Reeves. Tem gente que captou racismo e machismo aqui, por incrível que pareça....)"

Mestre em Literatura pela UFSC)
 
Não há como pedir que uma minoria oprimida por séculos aja com mesma postura que a maioria branca. Enquanto houver preconceito (seja ele advindo de brancos ou negros), a minoria negra se comportará exatamente assim: mostrando orgulho, e tentando se igualar. Há que se dar tempo ao tempo. E quando, de fato, houver igualdade, nem se levantará discussões como esta.

terça-feira, 22 de março de 2011

Cordialidade e Simpatia marcam encontro histórico Barack Obama no Brasil

A visita de Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, ao Brasil, será uma oportunidade para que o governo Dilma reafirme nossas posições em favor de uma nova ordem mundial, baseada no desenvolvimento, na paz, nos direitos humanos e no respeito à soberania e autodeterminação dos povos. Será, também, uma oportunidade para que a sociedade brasileira manifeste sua opinião acerca da política estado-unidense.

O desenho da nova ordem mundial foi um dos pontos tratados na conversas Brasil e EUA. A participação do Brasil no conselho de segurança da ONU, com o apoio dos Estados Unidos, foi ponto fundamental para o governo Dilma. O Brasil tem demonstrado em sua política externa um tom conciliador nas questões internacionais, em oposição ao radicalismo existente em várias regiões do mundo. Participação do Brasil no conselho da ONU não é uma concessão das grandes potências, mas um direito e isso ficou claro no discurso do presidente Obama.

A visita do presidente Obama fortaleceu princípios e valores como democracia, família, igualdade e inclusão. Do pondo de vista prático é importante avançar a cooperação econômica, relações comerciais (redução do protecionismo) transferência de tecnologia, intercambio na educação e simplificação na concessão de vistos, entre outras questões. Não devemos ficar só nas inteções. Sem duvida, o saldo foi muito positivo.
 
Podemos dizer que a visita do presidente foi positiva. De um lado Obama foi educado com nosso povo e de outro o tratamos com gentileza. Por mais que tenhamos visões contrárias em diversos casos educação e respeito nunca é demais, ao contrário, faz bem e fomenta a democracia mundial.
 
A certeza que ficou depois dessa visita é que temos uma economia estável e somos indispensáveis no mundo. Ou seja, para que se consiga fazer relações comerciais no mundo é preciso conversar e formatar parcerias com o Brasil. E para isso será preciso abrir mão de taxas, impostos, etc. 

Acredito que para ascensão do Brasil a caminhada ainda será longa, mas aceitar novas alianças é interessante desde que não se coloquemos no lugar de país escravista, pois essa fase já passou. Ainda temos muitas regiões brasileiras que sofre com o coronelismo e que precisamos sair desse âmbito. Precisamos arrumar a casa para fazermos novos negócios para abertura do mercado.

Festa da Exclusão no Carnaval em Salvador

 
Enquanto foliões pagam cerca de R$ 500 para sair em um bloco, cordeiros ganham diariamente cerca de R$ 30

Um fenômeno que se expressa por tantas cores, significados, sentidos e sons. Um espetáculo múltiplo e complexo da cultura, capaz de revelar – de forma real, provisória e efêmera – a própria vida da Bahia e seu povo, que experimenta e vive o carnaval de bairro, dos circuitos, dos bailes; todos estes repletos de música, dança, confraternização e batucadas elétricas.

Considerada a maior festa de rua do mundo, a folia momesca reúne milhares de pessoas em apenas sete dias nos circuitos. São sete dias diferentes, anormais, prazerosos, vividos com alegria, expectativa, vibração e liberdade.

Uma contradição que ocorre na maior festa popular do Carnaval de Salvador se transforma há muito tempo em um verdadeiro comércio. De um lado, os ricos curtindo o melhor da festa em luxuosos camarotes ou nos blocos; como se não fosse o bastante, os camarotes cobrarem caro para os foliões desfrutarem das mordomias nos equipamentos, eles estão cada vez maiores e reduzem mais ainda o espaço da pipoca. Do outro, os foliões que se arriscam na pipoca e, entre eles, os cordeiros que trabalham duro para permitir proteger e dar segurança a uma elite.

A lógica do carnaval de Salvador é praticamente esta, uns poucos ficam alheios à festa e uns tantos, daqui e mundo afora, se entregam ao clima singular desta época. Há espaço para tudo e para todos, dentro do panorama econômico da sociedade. O carnaval visa a atender a essas novas demandas impostas pelos interesses do sistema econômico.

Mas a contradição desse Carnaval gira em torno da parcela afro descendente e carente, em sua maioria manter-se-á marginalizada, ocupando-se com a catação de recicláveis, manutenção da segurança, comércio ambulante e claro, os cordeiros.

Os cordeiros que trabalham incansavelmente sete dias de carnaval, que tem o tempo do percurso mínimo de cinco horas e o máximo, oito horas de folia; os cordeiros devidamente identificados com a marca de cada bloco garantem a segurança e a delimitação entre os que pagaram e os que não pagaram; os excluídos e os escolhidos; para ao final do dia receberem míseros R$ 30,00.

É tão somente o retrato do que ocorre o ano todo, e durante os 7 dias de festa acaba por concentrar-se no espaço da avenida. O clima de miséria gerada pela exclusão social do Carnaval de Salvador acaba e demonstra claramente que a festa beneficia o setor de turismo e claramente aos que podem pagar e usufruir dessa festa. É preciso, pois, que todos cidadãos, sociedade e poder público repense na maior festa popular do planeta.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Caraça, Sombra e Água Fresca

"Desde que se começa a subir a Serra do Caraça, cresce a beleza da paisagem e do alto descobre-se vastíssimo horizonte e depois uma das mais belas cascatas que eu conheço que forma lençóis e tanques e corre em fundo vale, estreitando pelas montanhas. Nunca admirei lugar mais grandiosamente pitoresco... O cruzeiro fulgurava em nossa frente e à esquerda Vênus faiscava quase sobre a montanha. Não posso descrever tanta beleza!" Dom Pedro II.

Para os amantes da natureza que estejam pelas bandas das Minas Gerais, uma ótima opção é passar um agradável fim de semana na Serra do Caraça, que fica a 120 km da capital. O local está localizado no município de Catas Altas e abrange uma área de 11.233 hectares.

É considerado um santuário ecológico, que compreende o complexo arquitetônico de inestimável valor histórico-cultural: o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens e o antigo colégio setecentista, por onde passaram personalidades importantes da História do Brasil, como os presidentes da República Arthur Bernardes e Afonso Pena.

O Santuário do Caraça foi fundado em 1774 para servir de hospedaria para peregrinos e visitantes que por ali passavam. Fechado durante muitos anos, o Santuário foi reaberto na década de 70 e hoje figura entre os principais pontos turísticos do estado.

Passear pelas matas e trilhas, visitar cachoeiras, piscinas naturais e grutas, são algumas das atividades indispensáveis para quem visita o Caraça. O Parque também abriga espécies animais raras como a onça parda, o quati, o sauá, esquilos e o habitante mais famoso, o lobo-guará, símbolo do Parque. Todas as noites as pessoas se reúnem em círculo em frente à igreja para assistirem a chegada triunfal do lobo que vem em busca de comida. Ali é colocado um recipiente de carne para recepcionar o ilustre visitante. Não dá outra. Ele vem chegando de mansinho e come junto às pessoas, sem ao menos se preocupar com os flashes e com a euforia de todos que querem registrar aquele momento especial.

Por estar em uma área de transição, o parque possui uma vegetação rica, com grande variedade de flores. Elas atraem várias espécies de beija-flor, dentre eles o beija-flor-de-gravatinha, um dos menores do mundo. É um local reconhecido internacionalmente como um dos melhores no Brasil para a observação de pássaros. As matas abrigam lindas bromélias e mais de 200 espécies de orquídeas.

Para alcançar as cachoeiras, cascatas, piscinas naturais e grutas, há trilhas sinalizadas. A mais difícil leva ao Pico do Inficionado (2032m) e a gruta do Centenário, uma das maiores grutas de quartzito do mundo, com 400 m de profundidade e curso d’água com 80 m de desnível.

No restaurante com fogão a lenha, o hóspede pode se fartar da autêntica cozinha mineira: tropeiro e tutu com costelinha, além de contar com deliciosas sobremesas: arroz doce, doce de leite e as compotas de frutas! O interessante no café da manhã é que, cada um a seu modo, pode preparar o seu queijo quente e fritar ovos numa chapa especial, montada no salão central, aquecida pelas brasas de um velho fogão que remetem o visitante ao passado.

História

O Santuário pertence à Província Brasileira da Congregação da Missão e passou a ser uma Reserva Particular do Patrimônio Natural em 1994, consolidando sua vocação religiosa e ecológica.

Em 1968, um incêndio queimou cerca de 10 mil dos 25 mil volumes da biblioteca do colégio. Com o incêndio, o colégio foi fechado. Mais tarde, o prédio foi restaurado e a melhor alternativa encontrada, foi aproveitar o patrimônio natural, histórico e cultural, abrindo a área para visitação pública.

O complexo do Caraça, cuja construção data do século XVII, possui a primeira igreja do Brasil em estilo neo-gótico. Importantes peças históricas podem ser apreciadas, tais como os vitrais franceses doados por D. Pedro II, a relíquia do mártir São Pio, intacta há 200 anos, guardada no Santuário Nossa Senhora Mãe dos Homens (padroeira do Caraça) e o quadro da Santa Ceia, pintado por Manuel da Costa Athaíde. Detalhes de mármore e pedra sabão compõem sua arquitetura e um órgão com 700 tubos, completa sua riqueza.

Informações: A portaria do Parque fecha às 20 horas. Quem quer ficar hospedado no Parque deve fazer reserva com antecedência. É preciso ter cuidado com os choques térmicos nas piscinas naturais e cachoeiras do Caraça. Suas águas muito geladas. A dica é molhar sempre os punhos e nuca antes de entrar.

Hospedagens: O Parque oferece 48 apartamentos que incluem na diária café, almoço e jantar. As cidades de Barão dos Cocais, Catas Altas e de Santa Bárbara ficam a 25 km do Parque e há boas opções de hospedagem. Uma diária para duas pessoas sai em média por R$ 165,00.

Como Chegar: Quem sai do Rio de Janeiro deve pegar a BR-040 até Belo Horizonte. De lá segue-se 120 km pela BR-262 sentido Vitória. Passando a cidade de Barão dos Cocais são mais 25 km de estrada até o Caraça. ( Distante 431km do Rio de Janeiro).

Jornalistas: Geraldo Félix Júnior e Matheus Azevedo