quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nossa Pequena Notável: a Jabuticaba é 100% Brasileira


Fim de Outubro, novembro é tempo de jabuticabas.

E chegou a época da jabuticaba! Ou seja, chegou a época do Festival da Jabutica de Sabará, um dos mais conhecidos no Brasil, que acontece neste fim de semana.

Redondinha, miúda e escurinha, a jabuticaba já inspirou poetas e compositores. E a fama da fruta não é à toa. De origem brasileira, ela vira receitas que dão água na boca, além de oferecer inúmeros benefícios à saúde.

A polpa é rica em ferro, fósforo e boas doses de niacina e antocianinas, vitaminas que melhoram a digestão e são muito eficientes no combate ao aparecimento de células cancerígenas e tumores.

Prato cheio para quem é fã da fruta e aprecia o sabor do interior. Afinal, na feira montada para o evento são vendidas geléias, bolos, licores e até vinho de jabuticaba!

Ótimo passeio para o fim de semana, não?

Olha aí que interessante!!!

A jabuticaba, nossa pequena notável!!! Fruta 100% brasileira.

Discreta no quintal de nossa casa, ela contém teores espantosos de substâncias protetoras do peito.

Ganha até da uva, e provavelmente do vinho que é festejado no mundo inteiro por evitar infartos.

Você vai conhecer agora uma revelação científica -e das boas - que acaba de cair do pé. Se consumida com a casca e com o caroço, ajuda a regular o intestino, pois é uma excelente fonte de fibras.

(www.turismosabara.com.br.) - Outras informações: (31) 3672-7690

Licor de jabuticaba

essa receita é a da minha Tia lá de Barão de Cocais, da Família Almeida. No caderno que copiei ela estava datada : 1930 e tinha a notação: “muito bom”.

1 prato fundo de jabuticabas
1 copo de cachaça ou álcool de cereais
800 g de açúcar
1 litro de água fervendo

Modo de fazer:
Colocar os ingredientes numa vasilha de vidro ou louça na ordem citada. Depois de frio, tampar com um pano e deixar descansar por uns 30 dias. Coar em papel filtro ou algodão. Engarrafar.
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Fizemos com álcool de cereal e com cachaça, separadamente. A feita com cachaça ficou melhor!

sábado, 13 de novembro de 2010

Presidenta ou presidente: Dilma Rousseff

Durante o processo das eleições, e, principalmente após a definição de quem governará nosso país pelos os próximos quatro anos, surgiram dúvidas de como chamar Dilma Rousseff: Presidenta ou Presidente da República?

Na minha humilde opinião, soa com muito mais “brilho” o uso de “a presidente da república”, mas vamos consultar nosso “pai”, o dicionário Antônio Houaiss, para termos uma definição do significado e escrita:

pre.si.den.te: s.2g 1 quem dirige os trabalhos em um congresso, assembleia, tribunal etc. 2 título oficial do chefe do governo no regime presidencialista 3 título oficial do chefe da nação nas repúblicas parlamentaristas ● GRAM/USO o fem. presidenta tb. é us.

A dúvida já está respondida. O termo “presidenta” pode ser utilizado, porém temos na palavra “presidente” um substantivo comum de dois gêneros (s.2g). Para entendermos, vamos definir como se classificam os gêneros dos substantivos.

Este estudo, dentro da morfologia, é chamado de Flexão de Gênero.

Em português, geralmente a flexão de gênero é feita pela troca de –o por –a o com o acréscimo da vogal –a, no final da palavra:

cozinheiro – cozinheira

doutor – doutora

Cuidado: não se pode confundir o gênero da palavra com o sexo do ser, objeto ou coisa:

o grama (peso) o telefonema a comichão

Substantivos uniformes:

Apresentam uma única forma para os dois gêneros e são classificados em comuns de dois gêneros, epicenos e sobrecomuns.

Substantivos comuns de dois gêneros:

Admitem a mesma forma para o masculino e para o feminino. Para diferenciar seu gênero, colocamos antes ou depois deles um artigo, pronome adjetivo ou adjetivo. Exemplos:

o/a presidente um/uma paciente outro/outra mártir

o/a imigrante este/esta colega novo/nova agente

o/a artista aquele/aquela cliente modelo lindo/linda

É isso, turma! O termo “a presidenta” está gramaticalmente correto, porém, o termo “a presidente” continua sendo mais utilizado dentro das normas cultas de linguagem.

Sem crises com a escrita, pronúncia e, esperamos sinceramente, com o governo da presidente eleita...

Fonte de pesquisa: Gramática em textos - Leila Lauar Saramento - Editora Moderna




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Estado precário de orelhões causa transtornos à população do Rio de Janeiro

Espalhados em grande quantidade por todas as partes da cidade, os telefones públicos, mais conhecidos como orelhões, servem para atender a população e suas necessidades de comunicação. Mas basta andar pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, que podemos constatar que os mesmos não estão conseguindo atender à demanda dos usuários, devido aos mais diversos tipos de defeitos que apresentam.

Os problemas mais comuns são atos de vandalismo, como fios arrancados, pichações e aparelhos depredados, mas também são encontrados diversos aparelhos com defeito sem apresentar danos aparentes. Além disso, ainda existem aqueles em que o visor apresenta a mensagem “Fora de operação”, os que não apresentam nenhum sinal sonoro e os que não fazem a leitura dos cartões telefônicos.

Esses danos causam sérios transtornos para quem precisa utilizar os serviços de telefonia pública. Em férias no Rio de Janeiro, Michel Cabral, turista residente em Salvador, tentou utilizar seis orelhões nas proximidades do hotel onde estava hospedado, no bairro de Copacabana, sem obter sucesso em nenhum deles. “ Em frente ao hotel tem três orelhões , só que dois estavam com defeito nos leitores de cartão e um depredado. Segui para a esquina mais próxima onde haviam mais três aparelhos e, incrivelmente, nenhum dos três dava sinal. Só consegui falar com a minha mãe em Salvador num orelhão no quarteirão seguinte. Isso é um absurdo, pois pagamos impostos, reclama Cabral. A vendedora ambulante Rosely Santos também reclama da má conservação dos aparelhos. “Nem sempre tenho condições de usar o meu celular, mas para achar um orelhão funcionando aqui por perto tenho que andar muito. Já cheguei até a ter que deixar a minha barraca sozinha para ligar.

De acordo com o setor de reparos da OI, empresa responsável pelos orelhões na cidade, a manutenção dos aparelhos é feita com frequência, mas o principal problema são os atos de vandalismo, que são responsáveis por cerca de 11% dos reparos efetuados por mês.

Segundo o programa de Metas de Qualidade, estabelecido pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o prazo para as empresas efetuarem os reparos nos aparelhos com defeito é de até oito horas. Segundo a OI, no ano passado, 99% dos consertos foram efetuados dentro do prazo estabelecido.

(escrito pelo jornalista
Sergio Steiner (MTE 30773-RJ)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Uma Lição de Fé, Esperança e Coragem em Equipe



Acabou o drama dos 33 mineiros soterrados na mina San José, no Chile. Os mineiros deixaram o local em bom estado de saúde e animados, em meio a momentos de alegria e emoção no reencontro com as famílias após 69 dias de isolamento.

Um momento histórico no mundo. Mais de 1.500 jornalistas no deserto do Atakama acompanhou a recepção de herói que os espera quando chegam ao topo, e não porque fizeram alguma coisa marcada nobre - além de desafiar as probabilidades - mas porque eles nos mostraram que há esperança, mesmo quando o pior parece real.

Florencio Ávalos, 31 anos, foi o primeiro a deixar a mina, às 0H11, do dia 13 de outubro, a bordo da cápsula Fênix 2, que o transportou por um túnel estreito de 622 metros de comprimento. O emotivo abraço que ele deu no filho Byron, de sete anos, que não conseguiu conter as lágrimas. Ávalos foi seguido por Mario Sepúlveda, de 39 anos, que foi o apresentador da maioria dos vídeos divulgados pelos mineiros e que depois do resgate roubou a cena ao presentear as autoridades presentes com pedras trazidas do fundo da mina. Enquanto subia na cápsula, gritava "Viva Chile, merda", sem conseguir esconder toda a animação. E ainda puxou um coro animado em terra: "Viva Chile, Viva Chile". E assim sucessivamente até o último mineiro Luis Urzúa, líder do grupo, que soube manter a calma, ter fé, esperança e resumiu: "Deus faz as coisas por algum objetivo".

O líder de uma equipe sob condições adversas e num contexto de crise como esta, deve antes que tudo contar com a validação de suas capacidades (experiência e formação) por parte da equipe, evidenciando sua capacidade de assumir a liderança além de sua autoridade formal.

"Este é um resgate que não tem comparação na história da humanidade. Nunca antes se havia tentado um resgate assim", comentou o presidente Piñera, que recebeu os quatro primeiros mineiros pessoalmente.

Sinto grande respeito por essa capacidade tão alta de rendimento. É importante recordar que, de início, quando os 33 mineiros foram encontrados com vida, 17 após o acidente, havia muito pouca esperança de que o resgate tivesse êxito. E a operação foi realizada com sucesso muito antes e muito mais rápido do que se havia planejado inicialmente.

Se em família é difícil estabelecer uma relação de harmonia, o que dirá em ambientes de trabalho? As Famílias pouco se encontram, pais e filhos dividem poucas horas de convívio diário, atualmente cada um em seu computador, em sua televisão, em seu mundo individualizado, egoísta e solitário.

O que tiramos de lição nessa história é para refletirmos e voltarmos para a nossa vida, dentro de cada um. Talvez tenhamos que nos reorganizar socialmente para estabelecer uma melhor relação entre as pessoas, entre os familiares, entre os colegas de trabalho. Que a gente aprenda a lição com os Mineiros Chilenos, que foram estrategistas e vitoriosos e deram-nos grandes lições de direção desde 700 metros sob terra.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Falência de uma cidade que eu vi prosperar....

Salvador faliu. Já não há mais como esconder que a crise crônica municipal tornou-se aguda e o município está a um passo do colapso total, o que significa descontrole administrativo, com reflexos nos serviços e até no funcionalismo. E uma crise de origem política, gerada pela incompetência e pelo desatino que marcaram fundo a face desta cidade, no decorrer dos últimos vinte anos ou mais.

O jeito baiano de ser, pelo menos o dos baianos de Salvador, aflorou e se desenvolveu intrinsecamente conectado a uma configuração especial de cidade. E hoje está ameaçado de morte pela degradação dessa mesma cidade, que “perdeu a essência”.

Os desencontros dos prefeitos biônicos com os governadores que os nomearam impuseram a Salvador administrações perversas, descontinuas, carentes de planos urbanísticos, que além de pouco realizarem atrofiaram a máquina administrativa que não acompanhou a explosão urbana da última década.

O que está por trás das barracas de praia?

A derrubada arbitrária e radical das barracas de praia de Salvador tenham a ver com aquela tal lei de 1831, e ainda arrisco dizer que os estabelecimentos demolidos em outras praias que não a Orla da Pituba até Flamengo foram abaixo para parecer que tudo estaria dirigido de forma impacial a todas as barracas da cidade.

Por outro lado, Salvador é hoje administrada com a mesma estrutura e com os mesmos conceitos dos anos 50 e 60. Naquela época, havia uma cidade trepada nas cumeeiras e península itapagipana, habitada pela classe média e pela classe média baixa, que também preferiam os bairros dos Barris, Nazaré, Saúde, Garcia, enquanto Canela, Graça e Barra eram o paraíso da classe média Alta e da Burguesia. Nos anos 60 e 70 Salvador desceu para os vales, empurrada pela revolução do automóvel, cujo parque industrial, incentivado por Juscelino, explodiu no final dos anos 50.

Ao descer para os vales, caminhos naturais para o seu crescimento, a cidade recebeu o impacto do êxodo rural e se favelou, ocupando as encostas e inchando a periferia. Neste exato momento faltou visão administrativa para planificar a ocupação das novas áreas do litoral norte, conquistadas pelas avenidas de vale.

Atualmente a Av. Tacredo Neves é considerada "A avenida paulista baiana" e a tendência de expansão em Salvador é para Av. Paralela. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador não garante a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica da Avenida.

As margens da paralela estão uma das mais importantes áreas ambientais da cidade, que abriga espécies em extinção da fauna (mamíferos, aves, répteis e anfíbios) e flora. A Mata Atlântica é um patrimônio natural de todos os moradores porque garante qualidade de vida, não só pelo bem-estar de quem a admira, mas por controlar o clima da cidade, proteger encostas, regular o fluxo dos mananciais hídricos e assegurar a fertilidade do solo. Os dados são da Fundação SOS Mata Atlântica. A Avenida Paralela continua sendo considerada uma área de expansão urbana, o que possibilita que a mata seja suprimida para dar lugar a novos empreendimentos.

Por outro lado, parece que não há alternativa, Salvador precisa ser ocupada para produzir riquezas para que deixe de ser a capital campeã de desemprego no País e a única área livre é a Luís Viana Filho (paralela).

“Estamos longe de ser uma metrópole como São Paulo, mas muito perto de termos um trânsito comparável ao da maior cidade do país. Engarramentos monstruosos, Pistas esburacadas, Violencia e insegurança para todos os lados, Cidade suja e abandonada, Escolas abandonadas, Metrô inacabado (mesmo que seja metade do tamanho original). Enfim, eu sinceramente, não vejo nada a comemorar numa cidade com uma história linda e rica, que já foi a primeira capital deste país. Tenho Fé que o nosso povo mudará,
e o nosso futuro também".
..

(Ah que saudade dos tempos de Antônio Carlos Magalhães e cia...)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Por que o baiano ‘come água’?


Por que o baiano ‘come água’?


Comer água. Essa enigmática expressão que nós baianos usamos me veio à cabeça ao saber de uma pesquisa do Ministério da Saúde que mostra Salvador como a capital com maior consumo per capita de álcool do país, uma média de 24,9%. Curiosamente, na Terra da Felicidade, a capital do estado da alegria, um quarto da população gosta de tomar umas. É que não se bebe só por alegria e felicidade.


Come-se água, também, para esquecer os problemas – que não são poucos. Salvador tem quatro bairros que - se fossem países - estariam entre os mais ricos do mundo. Por outro lado, os outros cento e tantos bairros (85%), se formassem um país, este seria o 2º país com maior desigualdade no mundo, à frente só da Namíbia.


A Soterópolis tem o maior percentual de desempregados do país, 21%, ou seja, quase o mesmo índice de pessoas que bebem. E uma música do paraibaiano Renato Fechine, satiriza bem um pedaço dessa realidade escrota: Ô vô bebê pa isquecê mos pobrema/ bebe, negão/ ô vô bebê pa isquecê mias dívida/ bebe, negão/ ô vô bebê pa isquecê mias angústia/ bebe, negão...


Na Bahia, ninguém bebe. Quero dizer, baiano não fala beber. Porque, na Bahia, beber é comer água. Nós dizemos: “Fulano come u’a água da porra”; “Beltrano é cumedô de água”; “Onti cê tava cumeno u’a água duríssima, né, papá?” Esse “comer água”, porém, é um beber de leve, é um biritar, tomar umas, molhar a palavra. E a coisa vai mudando conforme o teor alcoólico: beber pesado é água dura, mas se tomar todas e mais um pouco, aí você come uma água duríssima.


Só mesmo um povo irreverente e inventivo como o baiano para dizer que beber é comer. E comer água, ainda por cima! Só que é a água que passarinho não bebe e onde jacaré não nada. E mais: você vê que baiano ”come água” até no superlativo absoluto sintético, ou seja, água duríssima. Gaiato que só ele, o baiano reinventou aquela frase atribuída ao finado Jânio Quadros. Fala-se que Jânio, que foi um bebedor confesso, teria dito “Bebo porque é líquido; se fosse sólido, comê-lo-ia”. Na sua gaiatice, o baiano galhofa: “Eu num bebo. Eu como cum farinha” (tinha que ter uma farinhazinha).


Vê-se que, apesar de ser um ato profano, comer água é também algo sagrado na Bahia de todos os santos, de todas as igrejas e praias, e festas, e carnavais. Num sábado ou domingo de praia e sol, a cervejinha é de lei. É de lei também uma loirinha gelada depois do baba (pelada, futebol de baiano). Gregório de Matos, o boca de inferno, Castro Alves, o poeta condoreiro, Ruy Barbosa, o Águia de Haia, esses devem ter comido uma aguazinha de vez em quando, pois baiano que se preza tem que tomar uma.


As novelas do baiano Dias Gomes sempre tinham um personagem bebedor. Mas é na vida e obra de Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro que nós vamos encontrar as figuras que simbolizam todos os comedores de água da velha Bahia cansada de guerra. Um dos personagens mais marcantes de Jorge Amado é Quincas Berro D'Água, o pinguço que sabia nome, origem e ano de tudo que era cachaça. Ele virava o copo e dizia tudo certinho. O apelido Berro D´Água surgiu porque um dia ele bebeu, de vez, uma garrafa de água pensando que era cachaça. Cuspindo tudo de volta, ele berrou bem alto: "ÁGUAAAAAAAA".


Depois do personagem do bom Amado, a irreverência baiana criou a anedota de um bêbado que sabia todo tipo de bebida, ano, país etc. E aí, um dia, deram água para ele, que não soube o que era. Quando lhe disseram que era água, ele exclamou surpreso: "Ah, é essa que é a tal da água?" É, meus amigos (comedores de água ou não), se a pesquisa antes referida me trouxe à lembrança essas coisas, ela também me fez perguntar: "Como, quando e onde surgiu esse tal de 'comer água', esse vício social e linguístico de quase meia Bahia?". Bom, quem souber aí me fale, pois eu não tô comendo nada,só bebendo água.

* Marcelo Torres é baiano, jornalista, mora em Brasília , email marcelocronista@gmail.com e blog http://marcelotorres.zip.net. Se repassar, não altere o conteúdo e preserve nome, blog e e-mail do autor.

Baiano que é baiano...


Baiano que é baiano...


Baiano que é baiano fala porra a cada dez palavras. Ou a cada cinco. Na Bahia, meu rei, porra é tudo, menos a porra improperiamente dita Brasil afora, ops, Brasil adentro.Como diz o embaixador Renato Fechine, porra na Bahia é adjetivo, substantivo, interjeição, adjunto adnominal e advérbio de modo, de tempo, de lugar, de intensidade... da porra toda.

Quando se diz que "O cara mora na casa da porra" se quer dizer ele mora na casa do chapéu, na casa da porra, no gebe-gebe, longe pra caramba, na casa da desgraça. Baiano que é baiano aguenta comer pelo menos dois acarajés sem passar mal. E ainda fica querendo mais, só que a fila da baiana fica grande e aí bate aquela preguiça...

Se você não sabe, acarajé é hambúrguer de baiano.O baiano que é baiano mesmo chama as amigas de "ordinárias" e até de “piriguete” e elas não se incomodam, não se sentem ofendidas, sabem que é um tratamento carinhoso.Em Salvador é comum você olhar para sua amiga (seja ela pretinha, branquela, loira ou morena) e falar “ô, sua nigrinha" - e ela acha o máximo, baianamente.Baiano não admite cocó nem fulerage pu seu lado. Traduzindo: não gosta de cheiro mole. Entendeu não? Oxente, você ta precisando se matricular num curso de baianês. Urgente!


Pegar um rango, bater um rango e filar a bóia significam a mesma coisa: almoçar, comer, matar quem tá te matando. E quando um baiano fala “Eu tô de rango” significa que tá com fome. É esquisito, mas é a nossa linguagem. Baiano que é baiano não bebe. Come água. Fica em águas. "Ontem Fulano estava em água dura". Tradução: estava trêbado, pra lá de Maracangalha. Bebeu cuma-porra e chamou Hugo (ou seja, vomitou). O baiano, quando chama um brother pra beber, fala: "Rumbora cumê água?" Em Salvador ninguém fala balada. Fala reagge. “Bora pu reagge?”. Não importa se a música é axé, samba, pagode, reagge, MPB, rock, forró – tudo, tudo, tudo é reagge.

Todo baiano chama Graça de Gal, Wagner de Wal, Gilberto de Gil...Para meus amigos, parentes e aderentes, eu não sou Marcelo. Sou Macelo (engole-se o "r"). Sérgio é Sejo, terça-feira é têça-fêra; bar é bá e cerveja é ceveja.Baiano que é baiano engole a letra d do gerúndio: - Qué qui cê tá FAZENO? -Eu tô DURMINO... Caminhano e cantano e seguino o trio elétrico...Numa roda de baianos e baianas, quando alguém chega após ter tomado banho, as pessoas falam: "hum, chegou toda tomada banho". Traduzindo: "Ela chegou limpinha, cheirosinha". Baiano que é baiano sabe o significado da frase: "O cara tava mais enfeitado que jegue na Lavagem do Bonfim". Ou seja, usava excessivo número de adereços e enfeites.


O baiano de Salvador, sabendo ou não falar inglês, sabe que no baianês brown [bráun] não é a forma carinhosa de chamar Carlinhos Brown, o omelete-man. Brown é adjetivo de pessoa brega-espalhafatosa-cafona. É aquele motorista que põe mil adesivos no carro, o cara cheio de colares de prata e pulseiras. "Que cara mais brown!"Baiano que é baiano sabe o que é "lavar a jega". É se dar bem, levar vantagem, lavar a égua, lavar a burra.


Todo baiano sabe que jante não tem nada a ver com o verbo jantar. Na Bahia, jante significa aro de pneu. "Rodar na jante", no sentido denotativo baiano, é o carro rodar com o pneu vazio ou furado. Mas, na putaria, rodar na jante é transar sem camisinha.Baiano que é baiano sabe o que é nestante. É "nesse" + "instante", ou seja, daqui a pouco. Baiano fala pra semana (na próxima semana), parumês (no próximo mês) e paruano (no próximo ano). "Paruano sai milhó", diz o dono do bloco decarnaval.Só baiano sabe o que é falar "de hoje a oito". "Meu aniversário é de hoje a oito", ou seja, é daqui a sete dias.


Baiano que é baiano fala horas de relógio. "Fiquei duas horas de relógio esperando aquele filadaputa". Em geral, fala-se "horas de relógio" quando se quer enfatizar atraso, demora.Em Salvador, se você convida alguém prum aniversário ou batizado de boneca, essa pessoa leva uma renca de amigos (renca = muitos, uma catrupia, muita gente).Baiano fala na moral em vez de por favor... "Pega isso aí pra mim, na moral".


Baiano vive dizendo que Sergipe é o quintal da Bahia... E o sergipano adora a Bahia e os baianos. O baiano de Salvador parece não querer ser nordestino e esculhamba o sotaque de sergipanos, alagoanos, pernambucanos, potiguares, paraibanos... (não deveria ser assim, mas é, infelizmente é).Baiano chama ônibus de humilhante. “Vou de humilhante”. Ou então é simplesmente carro. “Vou pegar o carro” (pegar o buzu).


Taxista em Salvador é taquicêro.Baiano acha legal quando dizem que ele é "retado"; "boca de zero nove" ou "um pinico cheio". Significa dizer que é um cara legal, porreta, “um cara de fudê”!O baiano, quando tá indo embora, não diz "tô indo"; ele diz "tô chegando".Não vai embora, se pica. "Vou me picar" significa "vou cair fora". Em Salvador, “se picar” não é se auto-molestar, é cair fora, ir embora.


Ruma, em Salvador é um bocado de coisas, uma ruma. Uma ruma de papel, uma ruma de gente, uma ruma de bagulho. E ainda tem o verbo rumar. “Rumei-la porra nele”, ou seja, arremessou alguma coisa.

Na Boa Terra, é comum você tratar um amigo, um colega ou um desconhecido como "pai". Se for mulher, "mãe". "Venha, pai". "Venha, mãe". Muitas letras de músicas baianas têm pai e mãe nesse sentido.Também é comum tratar um desconhecido como "maluco", mas é uma forma carinhosa. "Vai, maluco" (é como o ‘tchê’ do gaúcho, o ‘meu’ do paulistano e o ‘malandro’ do carioca). Quando se diz "A reunião não teve um pé de pessoa", se quer dizer que a reunião não teve ninguém.Um pergunta "Colé a de mermo?" e o outro responde: "É niúma".


Todo brasileiro acha que baiano fala a palavra arretado. Não tem o ‘a’, baiano fala ‘retado’. Raul Seixas canta uma música assim: "Não planto capim guiné pra boi abanar rabo/ Tô virado no diabo/ eu tô retado com você. Tá vendo tudo e fica aí parado/ Com cara de veado/ Que viu o caxinguelê".


"Tô retado" significa tô zangado, tô puto da vida. Mas retado também exerce a função de superlativo: "É bonito que é retado" [ou seja, é muito bonito]. "O cara é retado de feio" [ou seja, é muito feio]. E, quando se diz "Ele é um cara retado", significa dizer "Ele é boa praça".A Bahia é o único estado que começa com B - de Brasil.O mapa da Bahia é quase igual ao do Brasil, você já viu?A Bahia tem a maior costa marítima do País, você sabia?A Bahia faz divisa com oitos estados.


Salvador é a terceira cidade mais populosa do país, você sabia? Não, nem os soteropolitanos sabem disso, pode fazer um teste agora e perguntar qual a cidade mais populosa do país depois de RJ e SP; eles vão dizer que é BH ou Porto Alegre, mas é Salvador. Tinha um baiano que era magro pra caramba e tinha o apelido de Gordurinha. Ele fez uma música que dizia assim: um baiano é uma coisa divertida; dois baianos, uma boa pedida; três baianos, uma conversa comprida; quatro baianos, um discurso na avenida.

E ainda se diz também que: 1 baiano = um escritor famoso; 2 baianos = uma luta de capoeira; 3 baianos = um grupo de axé; 4 baianos = um terreiro de candomblé.
Todo baiano tem um pouco da sátira de Gregório de Matos (o boca de inferno), da poesia de Castro Alves, da malemolência de Gilberto Gil, do “marquetingue” de Duda e de Nizan, da esperteza de ACM e da candura de Irmã Dulce.

Todo baiano tem régua e compasso. Todo baiano tem um santo, uma ginga de corpo e um rei na barriga. Todo baiano tem o diabo no quadril e tem Deus no coração. Coração e braços que estão sempre abertos.

* Autor: Marcelo Torres, jornalista, baiano, torcedor do Vitória, cronista (
marcelocronista@gmail.com) e tem o blog http://marcelotorres.zip.net ; se for repassar, conserve o texto original, o e-mail e o blog do autor.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

BAHIA: UM BRASIL EVOCADO EM ALEGRIA, NEGRITUDE, SABOR E MOVIMENTO


BAHIA: UM BRASIL EVOCADO EM ALEGRIA, NEGRITUDE, SABOR E MOVIMENTO

Bem, como mineiro e que vivi 10 anos na Bahia, não poderia deixar de comentar, que falamos mesmo pelo cotovelos. Usamos hoje a internet e falamos muitas vezes o que não devemos. Somos neguinhas do leite. Outro dia vimos o velho publicitário Nizan Guanaes, publicar pelo Twitter que a orla da Capital de Salvador é um "favelão" e para piorar atacou Bell Marques "Salvador está como Bell, do Chiclete: careca e fingindo que tem trança".

Só quem é baiano e viveu na Bahia compreende como as coisas funciona ou que deveria mesmo funcionar pelo lado de lá. A Bahia vive uma mistura de ritmos e cores há muito tempo. E será que ele, o Nizan tinha o direito de falar isso ? É baiano de nascimento.

Do Twitter a uma carta se desculpando de Bell "Como assim"? que falou besteira, a declaração do Nizan dois dias depois causou um certo ufurô na Capital. Eis que o homem volta atrás e tenta explicar o dito. Era melhor não ter começado.

Pergunto: Será que o Nizan anda tomando remédio tarja preta ?

A Bahia é e continuará sendo a terra do Nosso Senhor do Bonfim, é só alegria e axé. A cultura da Bahia é respeitada. Quando se fala na Bahia logo se diz "é a Terra do Axé”. Prefiro acreditar que é na base da alegria e na base do beijo, ou será melhor na base do amor...

O irmão de Bell, Wadinho Marques, usou um provérbio para se manifestar sobre o assunto no Twitter oficial da banda. "Deixo esse provérbio para alguém: Os cães ladram e a caravana passa", escreveu o músico.

(Quem quer saber mais sobre o que o Nizan falou de Bell, veja o que escreveu meu amigo jornalista: Oldom Machado - Nizan, Chiclete e os rumos do carnaval de Salvador) - http://www.blogdooldon.blogspot.com/



quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Novo Blog - Vai uma Cervejinha aí...



Olá Pessoal,

Ando meio distante aqui do blog, não abandonei ele não. Muito pelo contrário, estou voltando a escrever, de coisas do dia a dia, que acho importante e que valha viver por alguma coisa. De agora em diante, vou começar a falar de coisas do dia a dia: bares, butecos, mulheres e viagens para distrair e compartilhar bons lugares para se divertir, comemorar e encontrar amigos.

Estou sempre por aqui, vigiando ele. Agora mesmo dei outra mudada no tema (estou parecendo multimídia que cada hora com um tema novo no blog, que por sinal é bem bacana, eu recomendo). Bom, pode ser que quando alguém ler este texto, já tenha mudado novamente o tema, mas pode ter certeza que estava bacana.

Bom é isto por enquanto, resolvi escrever mesmo para se alguém passar por aqui não achar que é um blog abandonado. Assim que eu conseguir resolver as pendências profissionais, com certeza terei mais “cabeça” para poder escrever livremente.

Abraço a todos, muito obrigado pela visita e volte sempre que quiser.

P.s. Se quiser deixar comentários, sugestões de temas ou críticas sobre o blog sintam-se à vontade de escrever nos comentários embaixo, que responderei com certeza.

Recomeçar mais um Ano...



Chega ao fim mais uma volta da Terra ao redor do Sol. Por mais que ela tenha repetido esse movimento centenas de milhões de vezes, para nós, simples mortais, é sempre um recomeço, cheio de simbolismos, esperanças e projetos.

Estamos mesmo, mesmo, mesmo a entrar em 2010 e podemos transformá-lo no ano mais fantástico das nossas vidas! Sei que muitas pessoas têm tido uma vida ora monótona, ora acidentada, marcada pela tragédia e pela angústia… mas também sei que muitas delas ainda estão “acomodadas” àquele desgosto amoroso dos anos 80, àquele fracasso profissional que um dia as deixou numa situação complicada, ao divórcio dos pais, à morte de alguém querido e a lista seria interminável.

Os problemas do passado devem lá ficar e se ainda estamos amarrados às tristezas de outrora, é porque as transformamos em desculpas para não agirmos. Existe um certo conforto, muitas vezes inconsciente, em manter o sofrimento do passado e alimentá-lo como quem alimenta e cria um animal de estimação.

Ser a vítima e digerir diariamente o sentimento de pena, acaba por ser mais confortável do que rasgar essas páginas e tomar as rédeas dos nossos dias. Nós não somos os nossos problemas e nem sequer somos os nossos erros! Somos mais além.

De qualquer forma a vida não pára nunca, nem quando estamos na mais profunda perda ou na mais perfeita prosperidade. Tudo é cíclico e inevitável: o ganho e a perda, o amor e o ódio, a paz e a dor. Entender, aceitar e assimilar a rotatividade do destino é viver em paz; portanto, aproveite a infinita loucura do autoconhecimento e siga vitorioso pelo seu caminho terrestre!