sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Belém é uma cidade de cores, sabores e calor!


Última Capital a desenvolver o trabalho da MSE. Na verdade, como estava no Norte do Brasil, não tinha como não visitar Belém. Sonho e desejo antigo de conhecer essa Capital que todos falam das cores e dos sabores. O primeiro desafio foi criar uma programação que coubesse num fim de semana. 

Belém é quente, muito quente. Não dá para negar. Mas é uma cidade linda, cuidada, preocupada com o turismo e preparada para ser curtida por moradores e visitantes. Claro que a comida é simplesmente maravilhosa. Tem um tal de filhote, um peixe tão escandalosamente delicioso,que quase me vi trazendo um isopor cheio dele pra Minas. Mas há muito mais que comida em Belém.

Belém não dispõe de um sistema de ônibus turístico e o trânsito e transporte público são um pouco confusos. Optei, então, por fazer a maior parte dos passeios a pé e alguns trechos de táxi. Foi o melhor custo/benefício! Para se deslocar entre o centro e o aeroporto, paguei o preço fechado de R$ 25 na tarde de domingo. Com o taxímetro ligado este valor pode ficar mais caro, portanto, vale a pena negociar.

Com cerca de 1,5 milhões de habitantes, Belém, a capital do Pará, fica apenas atrás de Manaus na região norte. E não é apenas o mar, o céu azul, o sol e todas as cores da cultura regional que transformam essa linda cidade brasileira em um destino obrigatório para os viajantes de plantão. Belém é também a terra das mangas, do Círio de Nazaré, da cultura indígena, da deliciosa culinária local e de muita, muita história.

Fundada em janeiro de 1616, Belém preserva até hoje tesouros da arquitetura portuguesa. Suas construções e casas históricas são atrações imperdíveis, parte ainda viva da história do Brasil. E não são apenas os feitos do homem que atraem milhares de turistas todos os anos para essas terras. Belém é também uma das principais entradas para a nossa Floresta Amazônica. Para mim: a saída (risos). A alma desse importante bem brasileiro está no seu povo, uma mistura dos indígenas originais da região, e na rica cultura local. Se você está de passagem, não deixe de conhecer o Carimbó, dança típica herdada dos povos indígenas, que é marcada por um pau oco que serve como tambor. A dança incorporou ritmos africanos e gestos portugueses ao longo da história, sendo hoje um retrato bonito do povo brasileiro. Não volte para casa sem levar também uma das cerâmicas produzidas em Belém, as marajoara e tapajônica.

As atrações naturais são inúmeras. De passeios no meio da mata a praias inexploradas, os visitantes podem escolher seu roteiro de acordo com suas preferências. A estrutura de turismo da cidade atende todos os gostos, dos mais econômicos aos mais exigentes.

Se você vai a Belém, não deixe de explorar cada cantinho dessa surpreendente cidade. Reserve um pouco do seu tempo para conhecer os pontos turísticos históricos, as lindas praias, a riqueza da Amazônia e o respeito do povo local pela floresta. De bens medicinais vindos da mata a importantes lições de preservação e amor à natureza, Belém tem muito a ensinar – e é impossível não se deixar contagiar.

Atrações em Belém

O Forte do Presépio não pode ficar de fora dos roteiros pela cidade de Belém. A construção é o marco da fundação da cidade, datada de 1616. À beira da Baía do Guajará, hoje ele abriga um museu com peças de cerâmica típica e os canhões originais do forte. O Forte do Presépio fica dentro do complexo Feliz Lusitânia, que também compreende a Igreja de São João, complexo Santo Alexandre, Catedral da Sé e o Palácio Episcopal, onde está o Museu de Arte Sacra do Pará. No local está também a Casa das Onze Janelas. Construída no século XVIII para abrigar um hospital militar, hoje é sede de um museu de arte contemporânea.

É na Basílica de Nazaré que termina uma das maiores procissões católicas do mundo, o Círio de Nazaré. A basílica foi inaugurada em 1909 e abriga a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira do Pará. Nela está também o Museu do Círio, instalado na cripta.

No Parque da Residência ficavam as moradias dos governadores do Pará no começo do século XX. Hoje, uma área de lazer completa aguarda os turistas, que podem visitar o orquidário, um teatro para 400 pessoas construído na antiga Companhia de Gás do Pará, além de uma sorveteria em um vagão de trem da estrada de ferro de Bragança.

O Theatro da Paz foi construído no século XIX e tem capacidade para 1100 pessoas, sendo hoje o mais importante do estado. A construção está localizada na Praça da República, uma das mais bonitas da cidade.

Uma atração natural interessante está à beira do Rio Guamá. O Mangal das Garças possui um restaurante, um viveiro e um borboletário. Sem dúvida uma paisagem que rende lindas fotos. O parque ainda conta com museu e várias atividades, sendo um bom destino para quem viaja em família. Outro local que vale a visita é o Bioparque Amazônia Crocodilo Safári Zoo. Como pode-se imaginar, a principal estrela do parque é o Jacaré Açu, que pode chegar a seis metros de comprimento. O Bioparque reúne parte importante da fauna e flora da região e está repleto de trilhas.

Círio de Nazaré



Uma das procissões religiosas mais importantes do mundo acontece em outubro na capital paraense, mais especificamente no segundo domingo. A festa homenageia Nossa Senhora de Nazaré. Cerca de dois milhões de fiéis acompanham a procissão que vai da Catedral de Belém até a Basílica de Nazaré, muitos agarrados à corda que guia a multidão, uma atração impressionante. O evento acontece há mais de dois séculos e tem 3,6 km de percurso. São quase dez horas de caminhada.

O Círio comove toda a população e é acompanhado de várias outras demonstrações de fé, como a romaria fluvial e as casas enfeitadas pela cidade. Depois de levada ao seu destino final, a imagem de Nossa Senhora permanece por 15 dias em exposição. O Círio – palavra que significa “grande vela de cera” – recebe fiéis brasileiros e estrangeiros todos os anos.

Gastronomia e Compras em Belém



Para a sorte dos turistas, grande parte dos pratos locais é baseada nas deliciosas frutas da região, como o Açaí, Cupuaçu e a Manga. Não deixe de provar também o Pato no Tucupi e o Tacará, caldo também feito à base do Tucupi, um tempero que vem da raiz da Mandioca Brava.

Bons locais para se encontrar pratos típicos são os bairros de Nazaré e Cidade Velha, ou no centro da cidade.

Outra ótima opção de passeio, que pode se tornar uma experiência gastronômica bem agradável é a Estação das Docas. Em uma área de 32 mil metros quadrados estão várias opções de bares e restaurantes, além de lojas, espaços de eventos, entre outras atrações. Localizado na baía do Rio Guajará, o local ainda conta com um calçadão de 500 metros, geralmente bem movimentado.



Se você está atrás de bons produtos, você tem endereço certo: a Feira do Ver-o-Peso. Com mais de 380 anos de história, hoje ela é a maior feira livre da América Latina. Dá para imaginar o que se pode encontrar lá.



No Ver-o-Peso, os turistas podem comprar de itens de artesanato à comida típica – o local é, inclusive, um dos melhores para se experimentar o melhor da culinária paraense. E, de quebra, ainda é possível visitar pontos turísticos como a Praça do Pescador, o Solar da Beira e o cais. A feira tem suas origens na Casa do Haver-o-Peso, um antigo posto de fiscalização.

Por fim, a minha confirmação a nossa suspeita: a culinária paraense figura no ranking das melhores do país. Vale a pena conferir. E encerrando o ciclo de viagens de 2013, Belém a Capital das cores e sabores encantou-me pelo povo, pela cultura, pelo jeito de ser de cada um que por aqui conheci. Das matas, dos rios, dos índios, história que fica no coração de um brasileiro. Com certeza da próxima vez que for à Belém, quero conhecer muito mais. E viva a Amazônia !!!



quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

AFUÁ: Veneza Majorana ou Amsterdã Tropical



Gostaria de contar um pouco da minha viagem à cidade de Afuá, PA, um município encravado no Marajó, a maior ilha fluvio-marinha do planeta, no estuário onde morre o rio Amazonas. Essa, foi a primeira cidade que fui visitar ao chegar na Região Norte. Cheguei por Macapá e peguei no Porto o barco, onde me levaria a cidade de Afuá, localizada no arquipélago do Marajó. Os bons ventos amazônicos e o movimento da maré indicavam que teríamos uma noite exuberante navegando o rio Amazonas.

A pontualidade ribeirinha foi britânica, e a embarcação Fé em Deus soltou suas amarras precisamente às oito da noite, conforme estabelecido, do porto de Macapá, capital do Amapá. O barco se deslocava suavemente pelo delta do rio Amazonas, com passageiros em excesso e tecnobrega bombando no convés. Dezenas de pessoas se espremiam entre as redes procurando um cantinho para a travessia. 

Segundo o capitão, seriam oito horas para vencer os 100 km até a pequena Afuá, cidade encravada em um ponto da borda oeste da imensa Ilha de Marajó. Durante um bom tempo fiquei observando a abóboda celestial com suas estrelas e constelações, e lá pelas tantas fui esticar o corpo numa rede. 



Quando peguei no sono senti o barco chacoalhando intensamente. Sonolento, olhei para os lados e captei imensa balbúrdia: pessoas choravam e clamavam por Jesus para apaziguar as águas e os ventos. A água espirrava pelo convés e laterais do Fé em Deus com força titânica. Não deu em nada. Da mesma forma como apareceu repentinamente a borrasca, um oceano de tranquilidade instalou-se no turbulento rio Amazonas. Exatamente às quatro da madrugada a embarcação ancorava no portinho de Afuá.

Afuá, nome dado por causa do rio que a cerca, é a última cidade ao Norte da ilha de Marajó, é também conhecida como a “Veneza Marajoara” ou a “Amsterdã tropical”. Trata-se de uma cidade de 40 mil habitantes, onde tudo foi construído de madeira: suas casas, ruas e praças. Lá não existem carros e motos.



Já dizia, Ricardo Bach "Nada acontece por acaso. Não existe a sorte. Há um significado por detrás de cada pequeno ato. Talvez não possa ser visto com clareza imediatamente, mas sê-lo-á antes que se passe muito tempo." Deixei para falar de Afuá por último, para contar uma aventura incrível na Floresta Amazônia. 

Aquelas coisas que só acontecem com a gente. pela manhã, pude ver alguns dos lugares mais bonitos e diferentes desta região. Foram oito horas de viagem dentro dos Rios da Amazonas. Primeira vez que viajava de barco. Foi tensa e apreensiva a viagem. O bate papo com os viajantes e outros deitados em redes improvisadas amarrada no barco que levava cerca de 140 pessoas.

Cheguei na cidade sem dinheiro nenhum e fiquei por dois dias gozando de trabalho e alegria. Depois de sofrer por dias com o clima quente, o raciocínio traindo-me e o corpo sem querer sair debaixo do chuveiro frio, começo a me sentir confortável com o aconchego dos novos amigos.

A recepção da chegada surpreende a qualquer passageiro desavisado. As mulheres o recepcionam no porto para carregar as malas e mercadorias: tímidas ou lascivas. Rejeitadas ou assediadas. Fiéis ou volúveis. Avarentas ou perdulárias. Prudentes, perversas, esquisitas, amorosas. Cada uma serve ao viajante da forma como ele vai a ajuda-la. Estranho, e diferente.

Mas as belezas da Veneza marajoara são muitas. Como Disse, não existem carros, caminhões, sequer motos. Tudo é feito nas bicicletas que circulam pelas estreitas ruas de madeira, poucas em concreto, transportando gente, mercadorias, doentes, lixo e tudo mais. Camarões, de todo tamanho e qualidade, pulam nos paneiros comercializados no mercado e nas esquinas da pequena cidade que não tem muitos hotéis, mas um povo carinhoso e hospitaleiro que recebe a todos de braços abertos, como, aliás, toda a população marajoara. Todas as casas são de madeira, construídas em cima de palafitas. Segundo a prefeitura, são 25 km de ciclovias na área urbana de Afuá, sendo 60% de madeira e o restante de concreto com 15.000 bicicletas cadastradas.

Cochilei por duas horinhas e saí para farejar, borbulhava de curiosidade. Afuá parece uma cidade cenográfica, ou então parada no tempo. As ruas e as casas são todas contruídas sobre pontes e palafitas de madeira, mantendo a cidade acima da várzea, já que Afuá é eternamente alagada pelas águas dos rios.



Afuá, possui um grande potencial turístico, devido às suas peculiaridades. Pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo vêm ver a cidade das palafitas que vai ao fundo em época de Lançante (Março e Abril quando ocorre a maré alta), e também para ver o BICITÁXI – Veículo de quatro rodas não motorizado construído a partir da junção de duas bicicletas, que serve como transporte local.

Outra curiosidade fundada há mais de 100 anos, Afuá, só recebeu sinal de celular e provedor de internet há cerca de dois anos. A população, no entanto, já se adaptou às novas tecnologias e não consegue mais viver desconectada.

O povo afuaense é formado por pessoas que vieram de diversas partes da região norte. Por isso, existe aqui, uma grande mistura de raças e culturas. Um dos principais migrantes é o maranhense que traz consigo o bom humor, juntando-se com o jeitinho hospitaleiro do Afuaense para formar uma gente criativa, trabalhadora e receptiva.

Como disse no início, cheguei em Afuá, somente com o cartão de débito do Banco Itaú e Brasil e na cidade tinha somente CEF e Bradesco. Tive que usar meu jeitinho mineiro de ser, para passar dois dias, comendo, bebendo, e claro até me hospedando de graça na cidade, com promessa de pagar no retorno à Macapá, via depósito, e não é que deu certo. Existem pessoas boas no mundo ainda e que acreditam no ser humano.



Dizem, os moradores mais antigos do município que, quem nasce e se cria nesta terra não se acostuma em nenhum outro lugar do mundo! Por mais que tente! Pode passar cinco, dez, vinte anos fora, mas a saudade não passa, só dói mais gostoso no peito. É por isso que levo no peito à saudade de um dia retornar à Afuá, com meus amigos e filhos, pois tem muita história para contar. Afuá é uma cidade modelada pelas mãos do próprio Deus, esculpida nos mínimos detalhes e nenhuma outra cidade do mundo possui as mesmas características.

Outro detalhe é a polpa roxa de textura aveludada e sabor marcante é comprada em qualquer esquina de Afuá, em média, a 2 reais o litro. Em 2010, o município produziu mais de 6 mil toneladas do fruto, movimentando cerca de 4,5 milhões de reais. Fonte de nutrientes como cálcio, ferro e potássio, o alimento é ainda mais farto e barato que o camarão de água doce, que alguns moradores vão ao rio, eles próprios, pescar com matapi, uma armadilha feita em fundo de quintal.

Assim como o açaí, o crustáceo está arraigado na cultura local. Há 30 anos a cidade promove o Festival do Camarão. No fim de julho, a população dobra por causa da chegada de turistas, ávidos pelas atrações musicais e pela “batalha camaroeira” – uma criação mais recente. Nesse embate, as agremiações de camarão Convencido e Pavulagem disputam quem faz a melhor apresentação, com base em vários critérios, nos moldes da festa amazonense do boi de Parintins.

Falando da vida em Afuá outras curiosidades que não deixo passar em branco. Afuá tem um bom serviço de saúde – se ficar doente, o afuaense pode chamar uma “bicilância” para levá-lo ao ambulatório local. Se o caso for grave, vai a Macapá de “ambulancha”. Já na parte de saneamento básico é totalmente precário. Não há rede de esgoto. Portanto, quem não tem fossa no fundo de casa é obrigado a despejar os dejetos direto no solo e, por consequência, no rio. A cidade é baixa em relação ao nível do mar (até 8 metros), o que dificulta a instalação de um sistema de esgotos.

A partida se deu com a tristeza, de alguns amigos que fiz por algumas horas. Depois de ter chegado dias antes a Afuá a bordo do barco fém em Deus, parto naquela madrugada no Virgem Maria. Nomes de santos para ajudar na longa travessia. Assim findava nossa estada naquela fronteira. Afuá é um laboratório amazônico em que a alternativa sustentável da bicicleta deu certo. Um conceito único de qualidade de vida e mobilidade urbana. Vai pedalar.

Hoje não tem mais padre-sem-cabeça assombrando as nossas ruas de noite. O Afuá muda, nós mudamos, mas este sentimento de carinho e puro amor por esta cidade tão... única, isso não muda. Nunca vai mudar! Esse é o lugar e de tantas histórias pra contar.




quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Verdadeira aula de História do Brasil no Pará: Cametá


Localizado sobre um platô à margem esquerda do Rio Tocantins, com cerca de 3km de extensão, Cametá é um desses lugares cheios de encantos, mitos, monumentos e muita, muita história. Além, é claro, dos atrativos naturais, com destaque para as praias de águas mornas e transparentes. Seu povo acolhedor é conhecido pelo falar cantado, quase um "francês caboclo".

O município de Cametá é o mais antigo e tradicional dos baixos rios do Tocantins, pela sua importância histórica empresta seu nome à antiga microrregião de Cametá. Com uma história interessante, Cametá passou recentemente a categoria de Patrimônio Histórico Nacional, pela sua notável tradição histórica.



Chegar até aqui, foi uma aventura e tanto em uma estrada de terra, esburacada, com paradas em pequenos povoados. Gente simples, onde num olhar distante você tinha certeza que a vida ali custava a passar. Ou seja o progresso, ainda caminha aos passos de tartaruga.  Chega-se à cidade de Cametá fazendo um singular passeio entre o rio e a floresta, a viagem é alternada entre barco e ônibus ou somente barco, dura aproximadamente 6 horas, até Belém. Ou quem, como eu, vinha de Marabá, passando pelo lago de Tucuruí, tive que pegar 4 balsas pois a cidade fica do outro lado do rio Tocantins, em uma viagem de 10horas até a cidade de Cametá, uma viagem cansativa, mas que fiz uma amizade incrível.

Conheci o cidadão Cametaense Sr. Otávio Midelo Freitas, que com sua simplicidade e generosidade, contou as histórias e estórias desse lugar tão distante que eu estava a descobrir. Cidade com mais de 120 mil habitantes e uma história daquelas, que sempre pensamos será que existiu mesmo. Gente hospitaleira. Terra dos notáveis de nossa história e o melhor a fala engraçada dos cametaense. A designação de "Terra dos Notáveis" deve-se ao desempenho de alguns filhos ilustres, no Pará e em todo o Brasil, homens que se destacaram na política, na religião e no social. O que explica, em parte, o orgulho que o cametaense sente de sua terra. Foram muita coisa boa que aprendi nesse lugar em um dia de trabalho e que fica guardado nessa aventura e passagem por essa cidade.



Os principais atrativos de Cametá são as praias d’Aldeia, Pacajá e Cametá-Tapera. Alimentação e hospedagem têm custos variados, mas com faixas de preço para várias classes.  A praia da Aldeia é uma das mais conhecidas e belas praias em Cametá. A praia de aguá doce e límpida é um belo cenário para quem deseja curtir um pouco da amazônia e suas riquezas naturais. As areias da praia da Aldeia são claras e possui um comércio voltado para os turistas e banhistas. Os bares e restaurantes servem os melhores pratos regionais.



A cidade de Cametá, além de estar cercada pela bela natureza amazônica e ter um povo simpático e hospitaleiro, possui uma grande riqueza cultural. A cultura cametaense é marcada pela mistura de várias etnias: indígena, francesa, portuguesa, e tais influencias são nitidamente visíveis no jeito de ser cametaense que chama a atenção: a forma de falar, cantar, dançar ou vestir.

A própria culinária cametaense apresenta-se sob a forma de pratos tipicamente indígenas como o saboroso “mapará com açaí” ou ainda a torta de camarão e a sopa de “aviú”, um minúsculo camarão. E depois de uma maravilhosa refeição e um cochilo na rede é só esperar pelo tacacá das 17h, que já é tradição pelas ruas da cidade.

Pode-se dizer, ainda que Cametá é marcada pelo forte catolicismo devocional ou popular, baseado nas devoções aos santos, sendo os mais conhecidos: São João Batista (padroeiro da cidade), São Benedito, Nossa Senhora das Mercês, Santa Rita de Cássia, entre outros.

Muitos aspectos colocam a cidade de Cametá como uma grande opção turística no estado e não são apenas os atrativos naturais de suas praias ou as belezas da cidade que tornam a visita obrigatória por quem deseja conhecer o que há de melhor no Pará. Dois grandes eventos da cultura popular cametaense, pelo menos, “arrastam” para essa cidade milhares de pessoas todos os anos: o carnaval e as festas juninas.

Apesar das influências do resto do país, o cametaense não cansa de se nutrir do gosto das coisas da terra, a sua essência, que não lhe deixa partir.



História

Em 1635, Feliciano Coelho de Carvalho ancorou sua caravela na primeira porção de terra firme da margem esquerda do Tocantins. Encontrou a tribo dos Camutás já pacificada pelo Frei Cristovão de São José e em 24 dezembro fundou a vila Viçosa de Santa Cruz do Camutá, a primeira cidade no baixo rio Tocantins. Mais de três séculos e meio depois, Cametá é um dos portos mais importantes do Pará.



Tão logo é fundada Belém, as atenções dos colonizadores portugueses voltam-se para a zona do rio Tocantins, mesmo porque franceses e holandeses já tinham se estabelecido no nordeste e feito o reconhecimento para exploração desta região. Com a expulsão dos estrangeiros intensificou-se a colonização na região para que a Coroa Portuguesa não perdesse território em função do Tratado de Tordesilhas. Assim sendo, começa a colonização do Tocantins, mais de um século após o descobrimento do Brasil e Cametá é a segunda localidade fundada no Pará.

As primeiras incursões são dos padres jesuítas, que no se afã catequético avançam aos mais longínquos e inóspitos rincões. Deste modo, novo governador do Maranhão e Grão-Pará, Jerônimo e Alburquerque incumbe os padres capuchos de Santo Antônio da catequese do gentio no território que governa. Por estas plagas habitavam os índios Camutás, possivelmente uma tribo pertencente à grande nação Tupinambá, pois utilizavam o Tupi como idioma. Saliente-se ainda que essa língua já foi a mais falada nessa região, tanto que ficou registrado no toponímia local. O primeiro sacerdote a realizar o trabalho de catequese por estas plagas foi Frei Cristovão de São José.

Por aqui ele aportou por volta de 1617 numa faixa de terra que é a primeira porção de terra firme às margens do Tocantins - Cametá-Tapera. Imediatamente entrou em contato com a tribo dos Camutás, conhecidos como hábeis remadores em montarias e exímios caçadores. Depois de árdua catequese conseguiu arrebanhar os índios para a cricunvizinhança de uma ermida às margens do rio, isso ocorreu por volta de 1620, originando-se assim o primeiro povoamento do baixo rio Tocantins. Essa povoação serviria posteriormente como alicerce para a donataria de Feliciano Coelho de Carvalho.




A donatária de Camutá foi concedida a Feliciano Coelho de Carvalho por ato do governador do Maranhão e Grão-Pará Francisco Coelho de Carvalho que em 14 de dezembro de 1633 doou para seu filho a vasta capitania que cobria todo o vale do rio Tocantins.

Que a palavra Cametá é de origem tupi dúvidas não há, diferem portanto, algumas interpretações. Por isso, cumpre-se arrolar algumas delas: segundo Jorge Hurley, deriva de caá - mato, floresta e mutá ou mutã - espécie de degrau ou "palanque" instalado em galhos de árvore feitos pelos índios para esperar a caça ou para morar. Para Carlos Roque, o significado literal de Cametá é "degrau do mato" , abanado inclusive por Victor Tamer, pois derivaria de Camutá. Luiz Tubiriçá, trata o vocábulo como derivado de caá + mytá - choupana suspensa em árvore para espera de caça. No Dicionário Toponímico da Microrregião do Camutá acrescentamos ao significado de Jorge Hurley, o hábito dos índios Camutás de construírem sua habitações tão altas quanto as árvores, ou quem sabe até nas copas destas.
Uma verdadeira aula de História do Brasil em pleno Norte. Vizinho dos municípios de Mocajuba, Oeiras do Pará e Limoeiro do Ajuru, Cametá se situa a 92 km a Sul-Oeste de Abaetetuba, uma cidade muito conhecida.




Cametá, também é festa e é um dos melhores destinos para os amantes do carnaval em solo paraense. O carnaval em Cametá sintetiza as principais atrações carnavalescas do Brasil, desde as animadas marchinhas do carnaval tradicional aos modernos trios elétricos embalados pelo som da axé music, além das tradicionais manifestações culturais locais que há quase dois séculos fazem do carnaval da cidade um dos mais animados do estado, atraindo foliões do Brasil inteiro e outros países. Chega a ter na cidade 200 mil pessoas na festa.

O siriá é uma dança brasileira originária de Cametá. É considerada uma expressão de amor, de sedução e de gratidão para os índios e para os escravos africanos ante um acontecimento. Para eles é algo sobrenatural e milagroso. O seu nome derivou-se de siri, influenciado pelo sotaque dos caboclos e escravos da região. Os elementos são os mesmos utilizados na dança do carimbó, porém com maiores e mais variadas evoluções. O Siriá é um pássaro amazônico. Existem o rítmo e a dança.


Vale a pena ver esse vídeo da Cidade de Cametá, feito por uma afiliada da TV Globo.

http://globotv.globo.com/rede-liberal-pa/e-do-para/v/em-cameta-hospitalidade-da-populacao-encanta-turistas/2396766/


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

4 cidades do lado Oeste do Pará - Perigo, Aventura e Conhecimento


(Nov/2013) - São Félix do Xingu

A viagem continua e cheguei em São Félix do Xingu. Localiza-se a 1050km da Capital. O destino é ainda mais longe: Vila-taboca um lugar maravilhoso cheio de encanto fica a 100 Km de São Feliz do Xingu por estrada totalmente esburacada (dentro da floresta). O foco principal dessa região está as discussões nacionais e internacionais relacionadas, entre outros, ao constante avanço sobre seus recursos naturais e aos violentos conflitos gerados pela disputa de espaço e de recursos entre os diferentes atores presentes na região.

São Félix do Xingu estão intimamente ligadas ao município de Altamira. A área urbana de São Félix do Xingu é tranquila e pitoresca, encravada nas margens dos rios Fresco e Xingu. As pessoas alternam suas horas livres entre o futebol, a pesca, a igreja e as cervejas geladas nas noites quentes. Essa tranquilidade, porém, engana o olhar. São Félix é uma fronteira agrícola ativa, com uma história tão dinâmica e inconstante quanto a de qualquer cidade da Amazônia.


São Félix do Xingu: um município quase do tamanho de Portugal com 90.000 habitantes, do sudeste do estado do Pará (norte), onde territórios indígenas e parques ocupam a metade do espaço. Mas também é um polo minerador e pecuarista - há mais de dois bilhões de cabeça de gado -, que atrai multinacionais para o Brasil, recordista em exportação de matérias-primas.

Chegar em São Félix foi uma aventura. Tão logo eu entrava nos pequenos aviões, subia nas moto-táxis e esperava pelos ônibus em estradas cheias de poeira, as pessoas olhavam para mim como se eu fosse de outro planeta, pois estava vestido, como um executivo que anda pela cidade em São Paulo.

No último trecho da viagem, fiquei duas horas e meia de pé no ônibus que percorre a esburacada estrada que leva a São Félix do Xingu à Vila Taboca. Eu esperava ver pelo menos um pedaço de mata exuberante como a que admirei alto, no avião, mas só vi pasto. Eu já sabia que a maior parte das florestas ao longo de estradas na Amazônia converte-se em áreas para a agropecuária, mas é sempre um choque ver essa realidade tão de perto. Pasto e áreas degradas por garimpos ilegais. Muitas áreas fortemente degradadas.



Algumas regiões que misturam cacau e açaí com lindos exemplares de castanheiras. Esses lugares mostraram que a floresta pode oferecer produtos valiosos, ao mesmo tempo em que absorvem carbono da atmosfera e contribuem com outros benefícios para as pessoas.

Pelo que soube os moradores começaram a se mudar há 30 ou 40 anos, quando o governo brasileiro adotou a estratégia do “integrar para não entregar”, uma expressão que me lembra um pouco do velho mantra americano “Go west, young man” (Vá para o oeste, jovem). Essa política do governo brasileiro baseava-se no temor de que, se o Brasil não desenvolvesse a Amazônia, algum outro país invadiria a área e faria isso.

O resultado foi uma correria descontrolada em busca de terra, conforme as famílias se mudavam para o Norte do país em busca de um futuro melhor. Nessa atmosfera de “velho oeste”, os recém-chegados começavam a derrubar a floresta o mais rápido que podiam, para marcar seu território e começar as criações extensivas de gado. Pouca coisa ficou de pé no caminho desses produtores. De lá para cá, São Félix já ocupou o primeiro lugar na lista dos municípios que mais desmatam no Brasil e concentrou o maior rebanho bovino da Amazônia.

A produção de seringa, borracha e caucho é a origem do Município de São Félix do Xingu – PA. Para incentivar a produção, os donos dos seringais decidiram reunir os seringueiros e caucheiros, junto com suas famílias, no mesmo local, denominado de “Barracão do Aviador”.

Vila Taboca



Pequeno povoado, com pouco mais de 5 mil habitantes. A cidade toda é em estrada de terra. Vive do gado e das agropecuária e da constante garimpagem ilegal.   O que predomina, entre os atores desta fronteira agrária, uma concepção dicotômica (essencialmente "moderna") da relação sociedade-natureza, comum às fronteiras agrárias mais antigas da Amazônia. Vizinho a Vila Taboca está a Área Indígena Apyterewa, na Região do Paredão foi demarcada com meio milhão de hectares. 




Travessia de São Félix do Xingu para Vila Taboca

A Área Indígena Apyterewa é um exemplo de descaso e mau gestão do INCRA e da FUNAI no que diz  respeito a demarcação uma vez que nesta área tem colonos que foram assentados pelo INCRA legalmente e chegarão a receber financiamentos e outros benefícios como moradia, fomento, Pronaf, e outros. E mesmo assim assentados legalmente pelo INCRA agora são obrigados a viverem como se fossem bandidos sem poder entrar com mantimentos, sal para o gado, gasolina ou diesel para os motores, grupo gerador, etc. E em relação a mineradora que nos deixou como herança o nome de Taboca; a mesma veio parar aqui através do Rio Xingú e explorou de forma irregular o minério da região quando foi denunciada e executada pelos órgãos ambientais deixaram suas operações deixando para trás casas, objetos pesados da estrutura de extração de minério, muito danos ao meio ambiente e alguns funcionários de baixo escalão desempregado e sem receber rescisão. Ou seja a miséria impera em Taboca.

Casas em Vila Taboca


Xinguara



Xinguara a Capital do Boi Gordo

Xinguara é um município brasileiro do estado do Pará. Sua população estimada pelo IBGE em 2012 é de 41.382 habitantes. Possui uma área de 5779,412 km². Com um rebanho estimado em mais de 500 mil cabeças de gado, Xinguara tem se destacado no mundo do agronegócio, a cidade ganhou o título de Capital do Boi Gordo por causa da sua intensa atividade pecuária.

Em Xinguara, encontra-se um rebanho com alto potencial genético, outro fator que favorece a qualidade do gado da região são as condições climáticas, as chuvas abundantes e as altas temperaturas equatoriais formam um ambiente privilegiado para o gado.

Diante desses fatores a produção vem crescendo, a qualidade do rebanho pode ser avaliada a partir das empresas exportadoras, que realizam exigências sanitárias e de qualidade para levar o produto para seus países. Hoje o município exporta para mais de 20 países entre eles os mercados mais exigentes como Turquia, Ucrânia, Venezuela e Egito.

Fiquei bravo quando cheguei à Xinguara pela primeira vez, a Revenda, onde teria que ir, ficava em um bairro, que era 100km de distância antes de chegar na cidade, ou seja, havia passado por ele e não dado conta, quer era lá. Tive que voltar para fazer, montado em uma motocicleta, um perigo que achei que ia até morrer.




Jacundá

Jacundá é um município brasileiro do estado do Pará. Sua população estimada em 2012 era de 52.993 habitantes. Tem como principais fontes de renda a extração madeireira, a pecuária e a agricultura. "Arraia" era o nome do local onde hoje encontra-se o município, e devido a construção da hidrelétrica de Tucuruí o município, que se localizava onde hoje estão as águas represadas do rio Tocantins, mudou-se para tal localidade às margens da Rodovia Paulo Fontelles. Moradores da antiga Jacundá, então localizada às margens do Rio Tocantins, tinham seus projetos individuais de vida baseados, principalmente na pesca, criação de gado e agricultura de subsistência, predominando as culturas de arroz, feijão e mandioca. Também é realizado no município de Jacundá uma das maiores trilhas motorizadas da Região Norte do Brasil, a "Trilha TÔ NA PEGA", evento em que centenas de motocicletas, jipes e quadriciclos percorrem as estradas da zona rural, entre trechos de mata e de lamaçais, revelando o espírito de aventura que motiva os participantes.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Ilha de Marajó / Tucuruí / Santarém / Marabá

É muito engraçado pensar que quando estudamos a Amazônia na escola, nunca imaginamos que um dia iremos lá. Mas como a vida é mesmo uma caixinha de surpresas... Aqui estou eu!... Em meio da Floresta Amazônica, literalmente.




A Ilha de Marajó é considerada a maior ilha fluviomarítima do mundo, com seus 50.000 km2 de área, faz parte de um grande conjunto de ilhas situadas numa reentrância da costa brasileira denominada Golfão do Amazonas, a maioria delas formadas por sedimentos oriundos do rio Amazonas. Algumas são de grande extensão como Grande Gurupá, com 4.864 km2, Mexiana, com 1.534 km2 e Caviana com 4.968 km2. Situada na foz do complexo hidrográfico Amazonas/Pará, Marajó tem uma origem mista pois foi formada em parte por sedimentos fluviais recentes, em sua porção ocidental, na qual predominam as matas de várzea, enquanto a parte oriental é formada por terrenos consolidados datados do pleistoceno (quaternário antigo), separados tectônicamente do continente.

O tamanho e a posição de Marajó no delta-estuário do Amazonas/Pará separa dois grandes ambientes hidrográficos: as formações típicas de delta do Amazonas, que correspondem à porção norte do golfão entre Marajó e o litoral do Estado do Amapá, e a formação estuaria do Rio Pará na porção sul, entre Marajó e o litoral do Estado do Pará. Ligando esses dois ambientes, uma série de canais estreitos chamados localmente de furos, garantem a separação entre a Ilha de Marajó e o continente, num espaço em constante processo de assoreamento. Seu relevo plano e seu litoral baixo e alagado permitiram a introdução da cria de búfalos, animais muito bem adaptados a esse tipo de terreno. Além das fazendas de búfalo, o extrativismo vegetal de palmito é outra atividade econômica importante na ilha. Breves, Soure, Curralinho, Salvaterra e Muaná são as principais cidades da ilha, quase todas localizadas no litoral da baía de Marajó, ligando-se por barco a Belém, capital do Estado do Pará.



Tucuruí, situada a uma altitude de 42 metros, com clima quente super-úmido. Liga-se por rodovia e via fluvial à capital do estado, Belém (a 400 km de distância ou por Marabá 650km) . A povoação foi fundada em 1781 com objetivos militares e fiscais de controle sobre a região do rio Tocantins, por onde trafegava muito ouro retirado das minas de Goiás. Por lei de 1875 a freguesia de São Pedro de Pederneiras foi denominada São Pedro de Alcobaça. A denominação durou até 1943, quando por decreto foi estabelecida a denominação de Tucuruí. A hidrelétrica de Tucuruí, sobre o rio Tocantins, permitiu o processamento industrial do alumínio em Barcarena e da celulose em Jari. A Estrada de Ferro Tocantins, com 179 km, liga Tucuruí e Jatobá. As principais atividades econômicas da região são a extração da castanha-do-pará, madeiras e couros.



Santarém, porto fluvial do estado do Pará, no norte do Brasil. Está situada na margem direita do rio Amazonas, junto à foz do rio Tapajós, a uma altitude de 51 metros. Seu clima é equatorial úmido, e dista 1.369 km por rodovia da capital do estado, Belém. As principais atividades econômicas são a indústria da madeira, transporte, frigoríficos, produção de borracha, extração da castanha-do-Pará e juta, além de constituir um centro comercial regional. Depois da entrada na região, os jesuítas iniciaram um núcleo de catequese na aldeia dos índios tapajós, por volta de 1660. Um forte foi estabelecido no local em 1697. Foi elevada à categoria de vila em 1758 e à de cidade em 1848. Uma das atrações turísticas é o antigo projeto de plantação de borracha da Ford em Belterra, a Fordlândia, hoje viveiro do Ministério da Agricultura.



Marabá, no norte do Brasil, situada na confluência dos rios Tocantins e Araguaia. Está dentro da área de influência da capital, Belém, e por sua vez exerce um papel central em relação as municípios de Brejo Grande do Araguaia, Eldorado dos Carajás, São João do Araguaia, Itupiranga e Bom Jesus do Tocantins. Com altitude de 84 metros, tem clima quente superúmido e está ligada por rodovia à capital do estado (654 km). Situada no entroncamento da estrada Transamazônica, suas principais atividades econômicas são a extração de madeira, castanha-do-pará, babaçu, diamantes, cal e argila. Como é comum nas regiões de exploração de minérios onde há fluxos migratórios intensos, os conflitos pela posse da terra são frequentes e por vezes violentos. O município foi criado em 1913, e em 1995 contava com uma população de 123.668 habitantes. Hoje tem 200mil, é a cidade mais violenta do Estado de do Brasil. 


Particularmente de todas as cidades visitadas foi a que menos gostei. Sua infra estrutura geral parece-me com aquelas pequenas cidades do interior de Minas Gerais, como Teófilo Otoni, que parou no tempo. Terra de sol forte, cultura rica e povo nada amistoso.

Predestinada à mineração e beneficiada pelo dinamismo de seu porto, Marabá se tornou um importantíssimo polo de comércio e serviços da região Norte. Banhada pelos rios Tocantins e Itacaiúnas, entrecortada por acidentes geográficos, divide-se em três núcleos, ligados por pequenas rodovias: Marabá Pioneira, onde nasceu a cidade e hoje se concentra parte do comércio; Cidade Nova, às margens da rodovia, outro foco comercial; e Nova Marabá, a zona residencial e parte mais moderna da cidade. O passado espinhoso de seus vizinhos – Marabá está pertinho de Eldorado dos Carajás e das minas de Serra Pelada – ficou para trás; hoje, é uma das cidades de médio porte que mais crescem no Brasil.





sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Comidas típicas do Pará

Entre ingredientes utilizados na cozinha do Pará incluem crustáceos como o camarão, o caranguejo e o marisco. Carnes de aves como o pato também são muito apreciadas. Em todos esses alimentos, utiliza-se temperos como coentro, chicória, maniva, pimentas e ervas. 



Alguns pratos são servidos em cuias, em panelas de barro ou até em casulos de folhas de banana. Os assados são feitos em moquéns molhados no tucupi. A cozinha, baseada na cozinha indígena, possui ingredientes exóticos como ovos de diversas aves e até larvas de inseto.

A floresta amazônica - fonte de inspiração para os índios em diversos setores – também originou uma das mais típicas e surpreendentes cozinhas do Brasil. Da natureza rica em ervas, frutos, sabores e cheiros nasceu a gastronomia paraense. É considerada a mais autêntica e exótica do país e responsável por colocar o Pará em destaque no roteiro turístico gastronômico nacional e internacional.

A festa do Círio de Nazaré, considerada o Natal dos paraenses, tem como um dos grandes momentos o almoço do domingo de Círio. Em todos os lares, o almoço do Círio confraterniza as famílias, hóspedes e amigos. É quando a rica culinária paraense pode ser melhor apreciada. Além dos pratos típicos, como o pato no tucupi e a exótica maniçoba, os frutos do mar, da floresta, dos rios e das imensas fazendas paraenses compõem os cardápios: enormes peixes, como o pirarucu, a pescada amarela, o tambaqui, o tucunaré e o filhote, assados inteiros ou em moquecas.

Tem ainda os filés de búfalo da ilha do Marajó; camarões rosados e cinzentos, patas de caranguejo, ostras e sernambis, oriundos da Amazônia Atlântica; delicados cremes e deliciosos sorvetes de frutas variadas – mangas, abacaxis, açaí e também bacuris, cupuaçus e muricis; queijo fresco; tartarugas oriundas dos criatórios artificiais. O Pará herdou a arte portuguesa dos doces, e aplicou-a sobre as frutas amazônicas: as tortas, docinhos e bombons recheados são únicos e deliciosos.

Mandioca
A mandioca na alimentação do paraense tem um papel expressivo. De seu processamento saem o tucupi, a farinha d´água – que acompanha as principais refeições – e o amido, chamado tapioca, usado em diversos pratos e sorvete.



Frutas
As frutas regionais complementam o cardápio. Uma diversidade que pode ser encontrada na Feira do Ver-o-Peso, em Belém, e, de quebra, consumida em doces e sorvetes, compondo maravilhosas sobremesas - um destaque a mais da culinária paraense. Como exemplos, o cupuaçu, o bacuri, o taperebá e a própria manga e o açai, esta muito encontrada em feiras e nas ruas da capital.



O açaí é um dos frutos mais apreciados pelos paraenses e por quem visita o Pará. Dele é extraída uma espécie de suco grosso, de cor arroxeada, não alcoólico. Os paraenses o consomem misturado com farinha d’água ou de tapioca, e geralmente acompanhado de peixe frito, camarão assado, ou alguma outra carne salgada.



Caruru
Herança dos costumes africanos, você pode achar que o caruru tem a cara da Bahia, mas saiba que também é adorado no Pará. O prato é feito com camarões secos e inteiros, quiabo, tempero verde (chicória e alfavaca), farinha seca bem fina e azeite de dendê. Tem consistência de pirão e sabor marcante. É servido com arroz branco e molho de pimenta.

Maniçoba
Outra herança da terra, desta vez uma combinação entre as culturas indígena e portuguesa, a maniçoba é um cozido à base mandioca e carne de porco. Leva paio, mocotó, pé, orelha, toucinho e costelas salgadas. Todos esses ingredientes são misturados a folhas de mandioca-brava, depois de cozidas durante quatro dias, prazo seguro para garantir que o ácido cianídrico, que é tóxico, tenha sido eliminado das folhas. O visual pode não ser o mais atraente, mas o sabor dá conta do recado.

Pato no tucupi
Prato típico do Pará e presença garantida nas festividades do Círio de Nazaré. A carne do pato é servida com jambu (planta que anestesia levemente a boca e a língua) e com tucupi, caldo amarelo de sabor amargo, extraído a partir da fermentação da raiz da mandioca-brava, e que é tóxico quando está cru, mas inofensivo após ser fervido. Acompanham arroz e farinha de mandioca.



Tacacá com tucupi
Caldo de origem indígena que leva camarão seco, jambu, mandioca cozida, pimenta-de-cheiro e tucupi. Consumido fora das refeições principais, em geral no final da tarde, costuma ser servido bem quente, sempre em cuias. Curiosidades: não se diz comer ou beber tacacá, mas tomar. Sua origem é indígena e, segundo Câmara Cascudo, deriva de um tipo de sopa indígena denominada mani poi. Câmara Cascudo diz que “Esse mani poí fez nascer os atuais tacacá, com caldo de peixe ou carne, alho, pimenta, sal, às vezes camarões secos.”